Deixemo-nos de falinhas mansas. Neste jogo não há meio termo. Ou se é jornalista – com tudo o que isso implica de bom e menos bom – ou se é assessor de comunicação, com todas as suas vantagens e ameaças. É certo que a balança, outrora em total desequilíbrio a favor dos jornalistas, se tem vindo a recompor e hoje o cenário é bem diferente ao de um passado não muito distante.
Já todos sabemos. Em condições semelhantes um jornalista tem mais prestígio e influência. É ele quem decide o que escrever. Sobre quem. Em que contexto. É ele que diz sim ou não. Que decide se atende o telefone. Se reúne. Se almoça. Se está ou não está. É ele que tem convites para tudo quanto é estreia. Eventos. Festinhas. Chafaricas. Todos deveriam querer ser jornalistas. Ou não?
Mas na verdade a coisa mudou. Os meios primeiro concentraram-se. Depois reduziram espaço. Reduziram equipas. Foram fechando. Quem fica tem mais pressão. Ganha menos. Pouco sai para ver a luz do dia. Fica tão branco como as páginas que deveriam ter publicidade... Lá vão os convites para as mãos da prima, do amigo, quem sabe do assessor. E as agências ganham espaço.
Quem entra nas faculdades, nos cursos de comunicação, começa já a equacionar novas saídas. A passagem pelas redações já nem sempre é o que mais interessa e a especialização em assessoria é quase sempre caminho mais rápido para o emprego. A coisa ganhou outra pinta. Em condições semelhantes um assessor ganha mais, tem muito mais estilo e vive o melhor dos dois mundos.
Mas é aí que a coisa se agita. As regras são claras para os dois. Quem está de um lado não pode estar no outro. Mesmo. Aos jornalistas não vale manter colaborações com empresas, mesmo em coisas “pequenas” e “marginais”. Nem mesmo em “newsletters inofensivas”. Aos assessores não vale fingir que ainda se é jornalista e falar para as redações como se ainda fosse um “deles”. E mais: é fugir o mais que se pode ao sorrisinho de vendedor e às palmadinhas nas costas. Quem disse que a coisa se faz assim?
A mensagem é clara: matem os clichés. O mundo está a mudar e esta área está em franca mutação. Quem decidir manter-se nas redações, que assuma o prestígio desse lugar, mantendo-se fiel aos princípios éticos da profissão. Quem decidir trocar o jornalismo pela assessoria, que o faça com preparação, com qualidade. E por fim, quem quiser tentar a sorte, e passar da assessoria para o jornalismo, que cumpra o período de nojo que a classe e o bom senso impõem. Cabemos todos: mas cada qual sabendo de que lado está. Ordem na casa!