O abaixo-assinado lançado na quarta-feira pela Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) reuniu, em poucas horas, mais de 2000 subscrições para contestar o atraso na abertura do concurso de bolsas da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

“É a vida de muitas pessoas que está suspensa, sem saber as regras com que poderão candidatar-se, além do corte nas bolsas que significa investigadores no desemprego e menos actividade para as próprias instituições” e para a ciência em Portugal, disse à agência Lusa o vice-presidente da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), André Janeco. O abaixo-assinado está disponível na Internet e será entregue à FCT, ao ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, e ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

Em causa estão bolsas de doutoramento e de pós-doutoramento, que significam investigação, acrescentou a mesma fonte. Os bolseiros haviam já denunciado, na semana passada, os atrasos na abertura do concurso de bolsas para este ano, uma situação que dizem ser agravada pelo facto de os projectos estarem a ser cortados, devido à redução do valor do financiamento. A FCT reconheceu atrasos e prometeu lançar o concurso ainda este mês, depois de homologado o novo regulamento de bolsas de investigação. “Nem sequer o regulamento é conhecido, bem como o prazo para a entrega de candidaturas ou o número de bolsas e condições”, afirma a ABIC em comunicado.

O abaixo-assinado exige ainda a manutenção ou reforço do número de bolsas atribuídas a concurso. “Isto depois de a FCT ter anunciado cortes sem precedentes na investigação desenvolvida em Portugal, onde se conhecem já os cortes superiores a 75 por cento no apoio aos projetos de investigação FCT e uma redução superior a 50 por cento das bolsas de doutoramento atribuídas por via do concurso nacional”, lê-se no documento enviado à Comunicação Social.

Ao nível das bolsas de pós-doutoramento, o grau de redução é “ainda desconhecido”. A FCT justificou, na semana passada, os atrasos com a abertura simultânea de vários concursos e a ultimação do novo regulamento de bolsas de investigação, assegurando que os investigadores “não vão ser prejudicados”.