Universitários avançam com protestos nos próximos meses

Se nada mudar, alunos do ensino superior avançam com manifestação no início do ano lectivo

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Charles Platiau/Reuters

Os estudantes do ensino superior acusam o Governo de nunca ter querido negociar com o sector ao longo dos dois anos de mandato e vão avançar com acções de protesto nos próximos meses. As associações académicas dizem ter dado “o benefício da dúvida” ao Executivo liderado por Pedro Passos Coelho, mas perante a falta de resposta às propostas de diálogo entendem que é tempo de passar à contestação.

“Estamos fartos de bater a uma porta que está sempre fechada, de um secretário de Estado acantonado no seu gabinete, desligado da realidade do ensino superior e insensível às dificuldades sentidas por estudantes, profissionais e instituições”, sintetizam os estudantes, num comunicado (em pdf) saído do Encontro Nacional de Direcções Académicas (ENDA), que decorreu neste fim-de-semana em Vila Real.

Os dirigentes das principais associações académicas “instam com veemência a que se comece a governar”, apelando ao Governo que entre em diálogo com os vários representantes do sector. No documento saído do ENDA, que terminou na noite deste domingo, os estudantes do ensino superior recordam que mantiveram, desde a tomada de posse do Governo, ”disponibilidade para cooperar”, de forma a minimizar os impactos do programa de ajustamento sobre o sector. Mas queixam-se que as propostas não terem tido eco.

Sector "mudo, cego e insensível"

O secretário de Estado do Ensino Superior foi “mudo, cego e insensível para com o movimento associativo”, dizem os estudantes, que acusam também o primeiro-ministro de ter ignorado o movimento associativo estudantil, “faltando à palavra dada”. Durante a campanha eleitoral, Passos Coelho tinha prometido às federações e associações académicas e de estudantes uma reunião para discutir o programa para o ensino superior, o que nunca chegou a acontecer.

O ENDA deste fim-de-semana deu “luz verde” a um calendário de contestação e protesto em relação à situação do ensino superior e à falta de diálogo da parte do Governo, que será desenhado nas próximas semanas. Estas acções “pressupõem uma intensidade gradualmente crescente que culminará, se nada mudar entretanto, numa manifestação nacional, a decorrer no início do ano lectivo”, prometem os estudantes.

Na mesma reunião, foi constituída uma comissão que integra representantes de 13 associações e federações académicas – entre as quais as mais representativas como a Federação Académica do Porto, a Associação Académica de Coimbra e a Associação Académica da Universidade do Minho – que vai criar um caderno reivindicativo dos estudantes do ensino superior, que será apresentado publicamente nas próximas semanas.

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