Ricardo Vice, um engenheiro português na Spotify

Tem 26 anos, não é licenciado e trabalha como "lead engineer" na Spotify. É o único português a trabalhar nos escritórios da empresa de "streaming" musical em Nova Iorque

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Tem 26 anos, não tem licenciatura. Ricardo Vice Santos é "lead engineer" na Spotify e é o único português a trabalhar nos escritórios da empresa em Nova Iorque. Circunstâncias pessoais e dificuldades financeiras obrigaram-no a desistir do ensino superior, em 2009, quando frequentava o curso de Sistemas de Informação e Engenharia Computacional. 

Apesar do sucesso a nível profissional, Ricardo garante que caso tivesse oportunidade, “tinha continuado a estudar”. Ele acredita que “concluir os estudos é importante, não só pelo título, mas pelas bases que se aprendem”.

O jovem engenheiro compreende que pode “parecer uma via atractiva”, mas relembra que “não foi nada fácil” e que teve que assumir muitos riscos.“Sempre acreditei que, com licenciatura ou não, perseguir os meus sonhos só dependia de mim. E assim foi”, explica Ricardo ao P3, numa entrevista via Skype.

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Scott Beale/Flickr

Começou por trabalhar numa "start-up" em Lisboa mas depressa se rendeu à emigração, viajando para Espanha. Ainda no final de 2009, conheceu a Spotify através de uns amigos suecos quando trabalhava em Barcelona. Com “vontade de experimentar algo diferente”, decidiu candidatar-se à mais popular empresa de "streaming musical". O processo foi algo moroso e envolveu várias chamadas telefónicas.

Sempre estive ligado à música, conta Ricardo

Em Julho de 2010 fez as malas para Helsínquia, na Finlândia, onde esteve uma semana. Ligou para a Spotify na Suécia e perguntou se podia aparecer para uma entrevista. “Acabei por ficar em Estocolmo,” conta. Porém, a estadia não haveria de ser muito longa.

Ricardo explica que a sua relação com a música em pouco se alterou

No Outono de 2011, Ricardo assentou arraiais em Nova Iorque — onde permanece — para dirigir uma nova equipa de engenheiros de "software". Liderar um grupo, fazer recrutamento e procurar a expansão da marca a novos mercados fazem parte das principais tarefas diárias.

Jovem explica missão da empresa

Apesar da entrada na Spotify, a relação do jovem com a música em pouco ou nada se alterou. Sempre foi um dos seus principais interesses e até chegou a organizar pequenos concertos em Faro, de onde é natural. Embora o passado de Ricardo “seja no punk e no hardcore”, trabalhar na Spotify abriu-lhe os horizontes para novos géneros musicais. “Tenho disposição para muita mais música”, remata.

Nos bastidores da Spotify

O sentimento parece ser partilhado por todos os trabalhadores da empresa que chegam a ir ver concertos juntos. “Conheci alguns músicos que tinham curiosidade em perceber como funciona o serviço”, conta Ricardo. A maioria das pessoas no Spotify é apaixonada por música e até há quem tenha as próprias bandas disponíveis no serviço de "streaming".

“No nosso escritório em Estocolmo, há um estúdio onde podemos tocar e gravar”, revela o engenheiro ao P3. Contudo, Ricardo ressalva que todos se focam na principal missão da Spotify que é levar música de todo o mundo para todo o mundo, através de acordos com editoras. “Não há propriamente uma selecção”, acrescenta.

O futuro, claro está, é incerto. Não rejeita a ideia de voltar a Portugal, até porque não saiu “em busca de algo melhor”. “Dependeria do projecto”, explica. O jovem engenheiro quer experimentar viver noutros países do mundo e, por isso, não está a pensar ficar “para sempre”nos Estados Unidos. “Se tivesse que escolher um sítio para assentar, provavelmente, seria Estocolmo”, conclui Ricardo.

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