Europa: menos automóveis, mais bicicletas

Os números foram revelados pela Federação Europeia de Ciclistas, que fala de uma "tendência sólida". Portugal, assegura a FPCUB, acompanha a "onda"

Fernando Veludo/nFactos
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Federação Dinamarquesa de Ciclistas
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Por cada automóvel vendido nos últimos tempos na Europa, são vendidas quase duas bicicletas. Os números foram revelados pela Federação Europeia de Ciclistas, que fala de uma "tendência sólida".

A história pode ser contada mediante duas perspectivas diferentes:

1 - A Associação de Construtores Europeus de Automóveis (ACEA) revelou que, comparado com igual período do ano passado, as vendas do primeiro trimestre de 2013 caíram 9,8 por cento. A ACEA já tinha dito que o último mês de Fevereiro tinha sido o pior mês de Fevereiro desde que começaram a compilar informação, em 1990. Resumindo, só em 1995 é que tinham sido vendidos menos automóveis do que em 2012. E a perspectiva é de que as vendas caiam entre 5 a 8 por cento em 2013.

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2 - A venda de bicicletas na União Europeia aumentou de 18.9 milhões de unidades em 2000 para cerca de 20 milhões em 2011.

Por outras palavras, refere um artigo da Federação Europeia de Ciclistas, "por cada automóvel vendido na Europa, quase duas bicicletas conhecem um novo dono". "E essas bicicletas não servem apenas para decoração, são usadas cada vez mais no dia-a-dia", conclui o levantamento.

Entre 2002 e 2011, a utilização de bicicletas por parte dos alemães duplicou. A própria Holanda, com uma tradição enraizada, assistiu a um aumento de 9 por cento em quilómetros cicláveis em apenas um ano — em grande parte por culpa das bicicletas eléctricas "pedelec", que em 2011 invadiram a Europa (716 mil unidades vendidas) —, enquanto algumas capitais menos habituadas ao fenómeno duplicaram as suas vendas (como Londres e Dublin).

Enquanto alguns culpam a crise, outros apontam o dedo à mudança dos tempos. "Em muitos países, os jovens já não querem ter o seu próprio carro. Os novos símbolos de estatuto são os 'smartphones' e os 'tablets'", lê-se no diário alemão Sueddeutsche Zeitung.

A "onda" portuguesa

Por cá, José Manuel Caetano, presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta (FPCUB), acredita que a relação entre a bicicleta e o automóvel "aproxima-se a passos largos dos números europeus". "É uma onda", disse ao P3. "Não há Lisboa ou Porto. É todo o país", sublinha, anotando algumas categorias tipo de utilizadores portugueses.

A grande fatia enquadra-se entre os 30/45 anos. "São pessoas que praticam desporto por manutenção, têm emprego, já têm carro e até têm uma segunda bicicleta por estilo". Uma segunda categoria engloba reformados, "pessoas tiveram uma infância condicionada e cujo sonho é ter uma bicicleta". Por fim, surge cada vez mais "o jovem estudante ou o trabalhador com ordenado mínimo que mora até dez quilómetros do trabalho e quer poupar até no passe dos transportes".

José Manuel Caetano lembra que muitas empresas já transformaram o seu espaço de forma a incluir balneários para utilizadores de bicicleta. "Vê-se cada vez mais jovens com a mochila às costas. As pessoas sabem que ganham pelo menos condição física e recuperam algum do tempo que perdem nas filas de trânsito".

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