A organização não-governamental holandesa Mars One quer colocar seres humanos em Marte em 2023, tendo lançado na segunda-feira um programa de recrutamento, aberto a qualquer pessoa e cuja escolha final acontecerá num programa televisivo. Numa conferência de imprensa em Nova Iorque, Bas Landsdorp, fundador da Mars One, explicou que a organização já recebeu “dez mil e-mails de pessoas de mais de cem países que estão interessadas em juntar-se à missão”.
Os candidatos a astronautas terão que ter mais de 18 anos, com capacidade de criar e manter relacionamentos, que sejam capazes de auto-análise e confiança, que sejam curiosos, criativos, flexíveis e desembaraçados e que tenham a plena noção de que esta poderá ser uma viagem sem regresso à Terra.
O programa tem sido visto com reservas e algum cepticismo, porque a própria agência norte-americana NASA até agora apenas conseguiu enviar um veículo robotizado para o planeta vermelho. Há ainda muitas questões por responder no que toca a um programa espacial com humanos em Marte, relacionados com as condições de sobrevivência no planeta.
Com um orçamento de 4,6 mil milhões de euros, o programa da Mars One é apadrinhado pelo holandês Gerard’t Hooft, Nobel da Física em 1999. “Isto parece muito dinheiro, e na verdade é muito dinheiro, mas imaginem o que será quando a primeira pessoa pisar Marte. Toda a gente do globo, literalmente, vai querer ver”, sublinhou Landsdorp.
No total, a organização procura 24 astronautas, que serão enviados para Marte em grupos de quatro, para estadias de sete meses. Os astronautas seleccionados serão treinados entre 2016 e 2021 em compartimentos que simularão as condições físicas e atmosféricas marcianas. Os finalistas serão escolhidos pela Mars One e através de um programa televisivo.