Como estão distribuídos os designers em Portugal e no mundo? Por que é que existem zonas desertas? Quem são eles, o que fazem e onde estão? A plataforma Dizer Demografia pretende responder a algumas questões que, no universo do design nacional, são autênticos mistérios.
Eduardo Nunes, professor no departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra, foi o autor original deste projecto. Luís Mendes, estudante do mestrado de Design e Multimédia da mesma instituição, está agora a concluí-lo no âmbito da sua tese de mestrado.
Ao P3 Eduardo Nunes disse que inicialmente pretendia relacionar a actividade profissional dos designers em Portugal com o espaço “de forma a perceber porque é que nas zonas periféricas do país o design era escasso ou quase inexistente”. De forma a tornar o projecto "mais abrangente”, Luís definiu como objectivo principal “encontrar padrões de localização dos designers portugueses tanto a nível nacional como internacional”.
De acordo com o estudante “o projecto pode trazer grandes benefícios ao design e à sua organização”. O Dizer Demografia não pretende reunir dados estatísticos, “mas sim permitir que cada designer ou estudante da área se possa registar e facultar informações básicas — quem é, onde está e o que faz”.
A plataforma, que ainda está em fase de testes, vai estar activa a partir de Junho e, se tiver “boa adesão, o recenseamento será renovado todos os anos durante um mês”, explica Luís. No futuro, encara ainda a possibilidade de incluir informação georreferenciada, relacionada com ateliers e empresas de design.
“Uma profissão desorganizada”
Para Eduardo Nunes “o design em Portugal tem falta de organização”. Apesar de já existirem algumas associações de designers no país não sentem “integrados”.
“Há dois anos não optei por fazer este projecto porque me garantiram que já estaria a ser feito, mas, evidentemente, não estava a acontecer”, explica o próprio ao P3. Recensear os designers portugueses “não é um projecto falhado, mas sim um projecto que nunca foi tentado”.
Esta iniciativa não tem qualquer tipo de financiamento e, apesar de existir uma ligação com a Associação Nacional de Designers, “carrega o selo da Universidade de Coimbra”, explica Luís.
"Achamos que problema do nosso país é que temos designers só nos grandes pólos, e é esta hipótese que a plataforma pode vir a provar", adianta Eduardo Nunes. Além disso, em Portugal existe um excesso de designers, "mas também há falta deles e sem dúvida que com o recenseamento dos designers será possível ter acesso a dados mais concretos" sobre estas questões.