O Parlamento Europeu em Estrasburgo, em França, só está completamente ocupado durante um mês e meio em cada ano parlamentar, mas custa aos contribuintes europeus cerca de 180 milhões de euros por ano. O número foi recordado pelo diário espanhol El Mundo a propósito de uma campanha lançada recentemente pelo eurodeputado checo Edvard Kozusnik, que quis chamar a atenção para o problema.
Na verdade, já vários eurodeputados se mostraram conscientes do problema, tendo votado em várias ocasiões resoluções que pediam que a actividade parlamentar passasse a ser realizada exclusivamente em Bruxelas.
Mas Edvard Kozusnik foi mais longe. De 30 de Janeiro de 2012 a 30 de Janeiro de 2013 gravou todos os dias um segundo da sua rotina e agora revelou o seu ano num vídeo de 6:30 minutos a que chamou “Just one second & Just one seat”.
A actividade de um eurodeputado
O objectivo é mostrar a todos os europeus a actividade diária de um eurodeputado, com as constantes viagens que precisam de fazer e consequente desperdício.
O checo vai passar por vários países da União Europeia para falar da sua campanha e defender um gasto mais racional dos recursos: “Isto é como uma família. E custa imaginar uma família a viver em três casas – uma para comer, outra para jantar e outra para dormir”, disse ao El Mundo.
“O Tribunal de Justiça disse que o Parlamento Europeu não tem capacidade legal para decidir em qual das suas três sedes [Bruxelas, Estrasburgo e Luxemburgo] deve realizar as suas sessões. Agora depende dos Estados-membros decidir se querem continuar a desperdiçar dinheiro devido às viagens constantes que nós, eurodeputados, devemos fazer por mês a Estrasburgo.”
Desperdício e poluição
O eurodeputado Kozusnik - que surpreendeu o Parlamento no primeiro dia de trabalho quando apareceu vestido com uma camisola de ciclista – é um dos membros da plataforma singleseat.eu, que luta contra os resíduos institucionais no Parlamento Europeu.
Foi esta organização que calculou os custos anuais da manutenção da sede de Estrasburgo e que chegou à conclusão que não só se gastam 180 milhões de euros como existe um custo ambiental – associado ao transporte recorrente de todos os eurodeputados, jornalistas, assistentes, tradutores, entre outros – que pressupõe uma emissão de 19 mil toneladas de CO2 por ano. A somar a estes dois factores, a plataforma refere ainda que Estrasburgo tem uma oferta hoteleira muito cara e está mal servida em termos de ligações aéreas, o que também sobe os custos.
Edvard Kozusnik sabe que dificilmente conseguirá ver aprovado o fecho do Parlamento de Estrasburgo e o presidente François Hollande já fez saber que não vai renunciar à sede francesa.
