Mais do que uma simples frase, é uma expressão que traz consigo um sonho de crianças, “teenagers” e adultos, de serem como Michael Jordan, o mais-que-provável melhor basquetebolista de sempre, que completou 50 anos no dia 17 de Fevereiro.
Mas porque quereriam todos ser como o Mike???
Embora tivesse sido rejeitado na equipa da escola secundária, Michael perseverou e em 1982, no ano de caloiro na faculdade, foi ele quem marcou o cesto decisivo para a conquista do título universitário para os North Carolina Tar Heels.
Em 1984, após a conquista do ouro olímpico, entrou para os Chicago Bulls e para a NBA (onde “reinavam” Larry Bird, dos Celtics, e Earvin “Magic” Johnson, dos Lakers) e “electrizou” a liga de imediato. Mas, embora os prémios individuais se sucedessem, ele sabia que um maior desafio se lhe deparava: fazer dos Bulls campeões.
Na vertente de marketing, tudo corria pelo melhor, principalmente com a Nike, empresa com a qual ele tinha desafiado a própria NBA, ao usar sapatilhas que não tinham a cor branca predominante (eram vermelhas e pretas, como os Bulls) e pelas quais incorria numa multa de 5000 dólares por jogo. A Nike viu aqui uma oportunidade, pagou as multas sucessivas (a época da NBA tem 82 jogos!) criando, ao mesmo tempo, uma colecção de anúncios onde o sapato aparecia com uma cruz cinzenta e, sem referência à Nike, apenas com a indicação “5000 dólares de multa por jogo”. Esse e os sucessivos Nike Air Jordan (um por ano) tornaram-se objecto de culto e "best-seller" à escala global.
Nas ruas, miúdos e graúdos calçavam e vestiam “Air Jordan”, sabiam de cor as suas estatísticas, melhores jogadas, detalhes da vida pessoal… e assim se tornava comum ouvir dizer: “I wanna be like Mike!” (eu quero ser como o Mike!).
Em 1991, finalmente, a vitória no campeonato, passando tranquilamente sobre os “Bad Boys” de Detroit e ao “showtime” os Lakers. Em 1992 (contra os Blazers) e 1993 (contra os Suns), a história repetiu-se. Nesse verão, após a morte trágica do seu pai, Michael anunciou que se retirava do basquetebol para buscar novas motivações, novos desafios, nomeadamente no baseball, sua paixão de infância, ou mesmo no cinema, com a presença em “Space Jam” onde contracenou com Bugs Bunny e os demais Looney Tunes.??
Quanto aos três títulos consecutivos, só uma equipa repetiu o feito... os Chicago Bulls de Michael Jordan (agora entre 1996 e 1998) — regressado após 18 meses de ausência — de volta ao topo, inclusivamente conseguindo o melhor recorde de sempre de vitórias numa época, um fantástico 72-10 em 1996, recorde que ainda perdura.
A pressão era enorme sobre Michael, sobre o treinador Phil Jackson e sobre toda a equipa, com todos os seus pormenores pessoais e desportivos escrutinados (por exemplo, falava-se que seria viciado em apostas e casinos) e inclusive, numa véspera de jogo em Nova Iorque, Michael fora visto a jogar em Atlantic City (a Las Vegas da costa este) e logo criticado por não dar o exemplo. Isto era o que ele adorava, desafios... a resposta foi clara e silenciosa: 54 pontos em pleno Madison Square Garden e vitória dos Bulls.
Depois de uma segunda reforma (que durou três anos) decidiu, em 2001, juntar-se aos Washington Wizards, uma das piores equipas da NBA, onde se tornou no único jogador com mais de 40 anos a conseguir marcar mais de 40 pontos num jogo (também tem o recorde de ser o jogador mais velho da NBA a conseguir 50 pontos num jogo, algo que conseguiu dois meses antes de completar 39 anos).
Desde a sua reforma definitiva em 2003, o seu sucesso empresarial tem sido notável, tendo já sido capa da Forbes e Fortune, após passar a barreira dos 100 milhões de dólares de riqueza pessoal.
Os desafios não param… o actual é transformar a equipa do seu estado natal, os Charlotte Bobcats, numa equipa de topo (ainda falta muito, até porque a equipa “conseguiu” no ano passado o pior registo percentual de vitórias de sempre, com apenas 10%, abaixo dos 11% dos 76ers de 1973), o que certamente não o deterá.
Agora, como há 25 anos, o “I wanna be like Mike” mantém-se actual, inspirador e sinónimo de ânsia pelo desafio, pela auto-superação, pelo sucesso.
Parabéns, Michael Jordan... conta muitos!