Israel vai a votos. Grande parte da sua população palestiniana, não. Um estudo conduzido pela universidade de Haifa revelou que somente 50,7% dos cidadãos palestinianos de Israel vão exercer o seu direito de voto.
Consequentemente, observa-se um declínio da participação nas eleições por parte da população palestiniana, desde 1999, onde 75% da sua totalidade foi a votos. Este fenómeno deve-se a diferentes factores.
Começando por observar o ano de 1999, ano em que Azmi Bishara, o mais importante líder político palestiniano em Israel, se candidatou para Primeiro Ministro Israelita. Nesta altura a actividade política palestiniana em Israel encontrava-se no seu auge.
Bishara, uma personalidade carismática, liderava a comunidade e confrontava o estado Israelita com um discurso inovador, ousado, corajoso e auto-confiante. Pela primeira vez desde que o estado de Israel tinha sido criado em 1948, os seus cidadãos palestinianos ousavam exigir direitos humanos básicos de igualdade, como minoria nativa do estado em que vivem.
As exigências feitas pela comunidade, com Bishara como seu representante, foram as de: “um estado para todos os seus cidadãos” em que Israel deverá deixar de ser um estado “Judeu” passando assim a ser um estado democrático, com base no princípio de uma sociedade multicultural, em que todas as suas minorias gozam dos mesmos direitos. Sim, Bishara foi corajoso, ousado, talvez até ambicioso... demais.
A população palestiniana apoiou-o, ganhou força e desenvolveu uma auto-confiança, desconhecida anteriormente. Contudo, no fim, o resultado foi o de um Azmi Bishara exilado no Qatar, após ter sido acusado de diversos “crimes” contra o estado de Israel. Lógico seria pensar-se que um deputado goza de imunidade política, mas, na única democracia do Médio Oriente é possivel mudar regras, estabelecer novas leis, e alterar outras mais, de forma a exercer-se o poder em favor daqueles que o têm nas mãos. Desde que Azmi Bishara abandonou a arena política, a comunidade palestiniana de Israel perdeu a esperança de vir a melhorar sua situação como minoria nativa do estado Judeu.
Os sucessores políticos de Bishara, como Haneen Zoabi und Ahmad Tibi entre outros, têm-se esforçado da melhor forma em representar a comunidade, em lutar pelos seus direitos, e em defendê-la perante o estado. Não tem sido tarefa fácil, todavia, dado enfrentarem diversos obstáculos, assim como, ameaças e processos de exclusão das eleições. Em vésperas das mesmas ainda continuam a lutar, legalmente, contra uma possivel exclusão.
Observando a arena política israelita e a situação dos seus políticos palestinianos, está mais que claro que estes não conseguirão atingir qualquer uma das aspirações e exigências da sua comunidade. Desta forma é compreensível a apatía dos cidadãos palestinianos e a resultante resignação, é triste, mas compreensível.
Sim, nós sabemos que o estado de Israel tem medo da sua população palestiniana, mas também sabemos que, se a integrasse com igualdade no seu sistema político dando-lhe os direitos que lhe tocam, esta comunidade nunca seria subversiva ao estado. No fundo, o que o cidadão palestiniano de Israel deseja, é viver com dignidade e igualdade no estado que lhe foi imposto, e cuja existência há já muito aceitou. Se Israel deixasse de ter medo e aceitasse a sua população palestiniana da mesma forma que esta aceita o estado, seria possível exercer-se uma democracía digna de ser chamada por tal nome.