A cientista Ana Ribeiro, 31 anos, ganhou o prémio internacional Daniel Jouvance 2012 com uma investigação sobre tecidos de colagénio presentes em estrelas ou ouriços marinhos e sua aplicação na regeneração de tecidos humanos.
O prémio para jovens investigadores, no valor de 4000 euros, foi atribuído à investigadora portuense “pela qualidade do trabalho, pela utilização da biodiversidade e, também, pela abordagem de um modelo experimental original”, refere um comunicado divulgado quinta-feira pelo Núcleo de Cultura Científica do Instituto de Engenharia Biomédica.
A cientista estudou um tecido de colagénio mutável (MTC) característico dos equinodermes, como o ouriço-do-mar ou a estrela-do-mar, e utilizou-o como modelo para a regeneração de tecidos aplicada à medicina humana.
Várias aplicações possíveis
Mário Barbosa, investigador há cerca de 30 anos na área dos biomateriais, é o coordenador do projecto vencedor. O cientista do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB) explica que “existe um potencial real para a utilização desses biomateriais dinâmicos”, que poderá ir desde a “regeneração de tecidos conjuntivos e tecidos de cicatrização” até “aplicações cosméticas” que envolvem tratamentos antienvelhecimento. Aplicar o conhecimento adquirido nos equinodermes à medicina humana é o próximo passo que se coloca no caminho da equipa de investigação.
“Há um conjunto de proteínas entre as fibrilas (de colagénio) que poderão ser a chave do processo”, refere Mário Barbosa, acrescentando que “existe uma grande semelhança na estrutura, composição química e propriedades biomecânicas do tecido dos equinodermes quando comparado com os tecidos conjuntivos dos mamíferos."
Ana Ribeiro formou-se em Engenharia dos Materiais pela Universidade do Minho e, depois, abraçou a linha de investigação de Mário Barbosa candidatando-se a uma bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O trabalho da jovem investigadora valeu-lhe não só o galardão francês Daniel Jouvenance de 2012 para jovens investigadores, mas também o prémio português Pulido Valente Ciência de 2012.
Actualmente a jovem cientista está no Brasil, em São Paulo, a fazer um pós-doutoramento na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita e Filho. O seu mais recente objecto de estudo — o comportamento das células humanas em implantes dentários — também une a engenharia e a biologia.