Curta-metragem “A Escolha” premiada: emigrar ou ficar?

Alunos da Universidade do Minho realizaram em nove dias uma curta-metragem sobre a emigração. Venceram três prémios no Festival Internacional Ver e Fazer Filmes

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Mafalda quer ficar perto de quem gosta, no país e na cultura que conhece. Mas quer também um emprego e um futuro melhor. O dilema que enfrenta é o dia-a-dia de muitos jovens (e não jovens) portugueses: emigrar ou ficar?

Mafalda é uma personagem de cinema, mas podia ser um dos nove jovens que realizaram “A Escolha”, uma curta-metragem feita para o Festival Ver e Fazer Filmes e galardoada nesse evento com três prémios: melhor realizador (João Vilares), melhor argumento (Sara Ferraz, Sofia Rodrigues, Rita Pereira, Joana Gonçalves ) e melhor actriz (Diana Coelho).

O desafio lançado à Universidade do Minho, à Escola de Artes da Universidade Católica do Porto e ao Instituto Fábrica do Futuro/Cia. Ormeo Dança e Teatro, do Brasil, era claro: criar uma curta-metragem original até 20 minutos em nove dias, tendo como tema mitos e lendas de Guimarães.

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Fuga para o desconhecido

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A lenda do túnel, segundo a qual D. Teresa terá fugido do filho D. Afonso Henriques, foi a metáfora escolhida pelos alunos de licenciatura e mestrado do Minho: a passagem pelo desconhecido, a fuga para um lugar onde não se sabe o que se vai encontrar.

“Somos todos os dias bombardeados pela crise e pelo desemprego e enquanto estudantes e candidatos a um mundo de trabalho quisemos associar-nos ao tema da emigração”, explicou ao P3 João Vilares, o realizador da curta-metragem.

Chamaram-lhe “A Escolha”, ainda que o túnel tenha cada vez mais uma única saída: a emigração. Chamaram-lhe “A Escolha” também em jeito de esperança, admite o aluno de mestrado de 36 anos, que decidiu correr atrás de um sonho depois de muitos anos a trabalhar na função pública.

Oportunidades não, esperança sim

João Vilares não gosta de pensar que a emigração seja a única saída para os jovens portugueses: “Queremos ter essa esperança, de não sermos obrigados a abandonar a nossa cultura e as pessoas de quem gostamos.” E “A Escolha” quer também passar a mensagem que “poderá haver saídas diferentes, embora agora não se vislumbrem quer na realidade quer na curta”.

É por não vislumbrar saídas que o jovem estudante acredita que o futuro não passa por Portugal. “Penso em sair. Não me considero suficientemente velho para ser condenado a um país que trata as pessoas desta forma”, lamenta.

O Festival Ver e Fazer Filmes premiou também a curta "Até Amanhã" da Escola das Artes da Universidade Católica (melhor filme, melhor fotografia e melhor actor) e "Mi(n)to" da Cia Ormeu de Dança e Teatro (melhor edição). A curta-metragem "A Escolha" vai ser exibida, em Maio do próximo ano, no CINEPORT - Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa, no Brasil. 

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