Emirates Airline: mais de 300 candidatos em busca do sonho

São pessoas com experiência no sector, licenciados de outras áreas, quase todos em fuga desesperada à falta de oportunidades no país. Portugueses foram em busca do "sonho das arábias"

Kevin_Morris/ Flickr
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A Emirates já conta com mais de 200 colaboradores portugueses dcmaster/ Flickr
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A Emirates já conta com mais de 200 colaboradores portugueses dcmaster/ Flickr

Mais de 300 pessoas compareceram esta sexta-feira num hotel do Porto para responder ao anúncio de recrutamento de uma companhia aérea do Médio Oriente, na procura de uma saída profissional que não encontram em Portugal.

O anúncio da Emirates Airline pedia “pessoas dedicadas, simpáticas, aplicadas e com pensamento inovador, que ultrapassem as expectativas dos passageiros de mais de 126 destinos, em 74 países”, oferecendo “honorários isentos de IRS, acomodações completamente mobiladas, oportunidades ímpares de evolução na carreira e descontos exclusivos em compras e em actividades de lazer no Dubai”.

Pelo número de homens de fato e gravata e de mulheres de saia travada e salto alto que, no meio alguma confusão, percorriam os corredores do hotel, percebia-se que não faltava quem quisesse embarcar neste “sonho das arábias”, até porque, como dizia um dos candidatos, “em Portugal as perspectivas de futuro são nulas”.

Um "open day" com muita confusão

Entre os inúmeros candidatos destacava-se Ana Marques, 28 anos, que tentava colocar alguma disciplina neste “open day”, ordenando os candidatos numa lista que iam assinando conforme chegavam. “Eu sou uma de vocês, que só estou a tentar ajudar”, explicava simpaticamente a jovem, quando os candidatos lhe dirigiam perguntas, perante a falta óbvia de alguém da organização.

Com um mestrado em arquitectura, formação em canto clássico - “tenho boa projeção de voz e experiência de lidar com público” - e sem perspetivas de emprego em Portugal, Ana Marques procura a oferta de um emprego com “alguma qualidade de vida” que contrasta com as ofertas das companhias aéreas “low-cost”, que obrigam a pagar a formação e pagam muito pouco.

A Emirates, com mais de 200 colaboradores portugueses e a voar diariamente a partir de Lisboa, oferece boas condições entre as companhias aéreas, por isso não é de admirar que Cristina Araújo ou Filipe Campos, ambos com experiência no sector, tentem a sua sorte. Mesmo sem saberem quantos candidatos vão ser recrutados e mostrando já estarem habituados a estas sessões de recrutamento.

Licenciados e descrentes

Ela, com o curso de criminologia da universidade Fernando Pessoa, procurava melhores condições do que o salário “low cost” da Ryanair, ele, com curso de turismo, depois de cumprir contratos a prazo na SATA e TAP, ambicionava o vínculo de três anos com a companhia do Dubai.

Mas a maioria dos presentes estava como Mariana Ferreira, à procura de uma saída profissional, depois de constatar que em Portugal “as perspetivas são terríveis e não há qualquer esperança”. Com formação em design de interiores, trabalhou nessa área e numa loja, mas agora está desempregada e acha que “mais vale não tirar um curso”.

“Quero viajar e conhecer outras culturas”, disse, repetindo um velho estereótipo das hospedeiras, mas logo acrescentando, realista: “Nem que seja só para conhecer aeroportos”.