O concurso "Um Encanto Num Minuto" escolheu, de um total de seis curtas-metragens candidatas, três vencedoras. Os autores foram Cláudio Sá, Humberto Guedes e Eduardo Pinto que conseguiram convencer o júri composto por Rita Camarneiro e Rita Alcaire com temas relacionados com a crise económica e o projeccionismo cinematográfico.
Pela primeira vez o Festival Caminhos do Cinema Português desafiou os realizadores cinematográficos de todo o país com uma tarefa simples: fazer uma curta-metragem de um minuto de duração que contasse uma boa história.
Tiago Santos, responsável pela produção do festival, destaca que esta 19.ª edição quis “apresentar um novo conceito que incentivasse ao máximo a criatividade dos participantes”, não só na cidade de Coimbra, como no resto do país.
Daí o desafio lançado ter sido a criação de curtas-metragens rápidas de apenas um minuto em que não era exigida uma temática específica. Tiago Santos refere que enquanto “nos filmes convencionais a história é contada em planos de dois ou três minutos”, nas curtas-metragens que fossem submetidas esperavam precisamente o contrário, ou seja, “uma história contada em um minuto onde não existesse espaço para mais do que dois a três planos”.
Humberto Guedes esteve à altura deste desafio com a curta-metragem “Retire o seu cartão” que retrata o episódio de um jovem, aparentemente de classe média/alta, que vai levantar dinheiro ao multibanco, mas acaba por não ter saldo. Entretanto, aproxima-se outro jovem com uma aparência “mais duvidosa” que também vai levantar dinheiro, mas que acaba por ser atacado pela primeira personagem, que lhe rouba todo o dinheiro. “A curta-metragem inspira-se na sociedade de hoje em dia e nos falsos ricos. Quis transmitir que a classe política que não olha a meios nem fins para roubar directamente o povo”, destaca.
O suicídio do Pai Natal
Inspirado também no actual contexto económico, Claudio Sá apresentou "Ainda, o Natal", uma curta que arrecadou em 2011 o Prémio Melhor Animação 2012, no 1 Minute Movie Festival e em Março deste ano voltou a ser premiada como a Melhor Curtíssima Portuguesa, na Monstra – Festival de Animação de Lisboa 2012. Conta que decidiu criar a curta para mostrar ao público “como seria uma possível reacção do Pai Natal à crise”. O desfecho acaba por ser não muito feliz, uma vez que “o Pai Natal acaba por suicidar-se agarrado à árvore de Natal”.
O último vencedor foi Eduardo Pinto, que apresentou uma história completamente diferente das últimas duas referidas. A curta “Com António Feliciano, projeccionista” foi filmada no Algarve e mostra a “essência do cinema projectado”, uma profissão que está quase extinta desde o aparecimento do cinema digital.
Entre os dias 9 e 17 de Novembro o Festival Caminhos do Cinema Português vai estar de regresso a Coimbra. No Teatro Académico de Gil Vicente vai ser analisado o que de melhor aconteceu no cinema português entre 2011 e 2012. As vertentes vão desde os filmes de animação, curtas e documentários até longas-metragens. A atenção também vai ser dada aos projectos finais de escola de cinema, permitindo que jovens cineastas mostrem o seu talento.
Desde 1988 este festival tem vindo a destacar-se por ser um evento único em Portugal que serve de “montra” ao talento da indústria cinematográfica portuguesa.