O estudo começou em 2010 mas só agora se conheceram as conclusões, que não são animadoras. Mais de metade dos inquiridos diz não ter esperança no futuro e confessa que se sentiu sozinho no último mês ou vive sob pressão. A investigação foi levada a cabo pela Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental (SPESM) e contou com uma amostra de 1800 alunos de várias universidades do país.
Dez por cento dos participantes já ponderaram o suicídio e vêem no álcool e nos medicamentos "um alívio": cerca de 45% consome medicamentos. Destes, mais de 30% direccionam-se ao foro psicológico: tranquilizantes (20,8%), sedativos (7,7%) e hipnóticos (5,1%).
"Os tranquilizantes são utilizados para combater a ansiedade e como o estudante está sem redes de suporte no ensino superior, o que é mais fácil é recorrer ao fármaco", diz Carlos Sequeira, da SPESM. As causas prendem-se com o aumento de "estados de ansiedade", "do risco do suicídio" e "questões de isolamento".
Desemprego também contribui
"As relações sociais estão mais debilitadas, fruto da utilização excessiva da internet e do telemóvel. Depois, há a questão das expectativas de que um curso superior era quase a garantia de um trabalho e, hoje em dia, estas expectativas vão todas por água abaixo", explica Carlos Sequeira.
Mas os resultados não se ficam por aqui. A investigação concluiu ainda que 8,4% dos jovens universitários fuma e 7,6% ingere álcool. A maioria iniciou o consumo por volta dos 16, 17 anos.
O estudo é apresentado esta quarta-feira, no III Congresso da SPESM, a decorrer no Campus da Foz da Universidade Católica. O congresso marca o Dia Mundial da Saúde Mental e serão realizados cursos, conferências e debates relacionados com o tema. A decorrer até sexta-feira, conta com a presença de vários especialistas, nacionais e internacionais.