Conhecer Lisboa com guia turístico a troco de gorjetas

Empresas organizam passeios para turistas, que pagam o que quiserem dar. "Queremos que as pessoas conheçam a vida da cidade que pouca gente conhece”

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Museus não fazem parte dos percursos Vitor Antunes/Flickr

Ténis confortáveis, garrafa de água e disposição é o que se pede aos turistas interessados em conhecer Lisboa a pé, num conceito que já tem muitos adeptos que pagam apenas o que quiserem dar. Fundada há quatro anos, a Pancho Tours é uma das empresas que se compromete em “deixar o coração da cidade nas pessoas” através de percursos pedestres organizados gratuitamente.

“A malta viaja com um muito baixo orçamento e quer descobrir as cidades onde vão de uma forma mais pessoal, intimista, menos turística e sobretudo mais barata”, afirmou à Lusa o coordenador da empresa em Lisboa, David Barata. Os requisitos para participar na viagem são “garrafa de água, sapatos confortáveis e um sorriso”. “O serviço é gratuito, não cobramos nada, mas claro que não nos opomos às gorjetas, que variam consoante a satisfação de cada um”, explicou David Barata.

Composto por oito elementos, dois deles coordenadores, a equipa do Pancho Tours é remunerada consoante as gorjetas que recebe. “Há dias bons, em que fazemos passeios com dez pessoas e aí conseguimos tirar uns 50 euros por dia. O pagamento à equipa é feito por prémio, consoante o que se ganha de gorjeta em cada passeio”, explicou David Barata.

Do Rossio, passando pela Baixa, pelo Bairro Alto, pelo Chiado, por Alfama, pela Mouraria e por outros recantos de Lisboa, o passeio é orientado por um guia que vai dando informações sobre os locais. “Nós vamos passear com as pessoas e vamos contando histórias. Não as levamos a museus, nem a passeios turísticos mais vulgares. Queremos que as pessoas conheçam a vida da cidade que pouca gente conhece”, adiantou o coordenador de Lisboa.

Para participar basta saber as horas e o ponto de encontro (todos os dias às 11h00 no Rossio). Realizam-se também passeios nocturnos, em que o guia se compromete a levar os “novos amigos” a conhecer o Bairro Alto e o fado. Com serviço em Sevilha, Málaga e Cádis, cidades de Espanha, a Pancho Tours actua em Portugal no Porto e, mais recentemente, em Lisboa, onde quer atrair cada vez mais jovens.

E a Wild Walkers

Conceito semelhante tem a empresa Wild Walkers, criada há apenas um ano em Lisboa, mas que já conquistou muitos adeptos. Segundo o gerente, Álvaro Macchiavello, a Wild Walkers tem como “principal objectivo promover a cidade e não o interesse financeiro”.

“Muitos dos nossos guias trabalham voluntariamente e dirigimo-nos às pessoas que viajam em low-cost, com baixo orçamento, portanto, não cobramos nada pelos passeios, mas, no final, cada um pode dar o que quer”, explicou. O baixo orçamento não permite grandes investimentos de publicidade e, por esse motivo, a empresa ainda não é muito conhecida.

“Normalmente temos entre dez a 15 pessoas a quererem participar no nosso passeio, mas nem todos os dias é assim e muitas vezes não aparece ninguém e os nossos guias têm de ir para casa”, sustentou.

A maioria dos participantes são jovens que viajam com pouco dinheiro mas que são aventureiros. A Wild Walkers funciona de Julho a Outubro e o ponto de encontro para dar início ao passeio por Lisboa é também no Rossio. Apesar das dificuldades, Álvaro Macchiavello quer alargar a empresa ao Porto.

Também a cidade de Braga já conta este género de serviço. O projecto "À Descoberta de Braga" providencia com "free tours" onde não existe uma "taxa fixa de pagamaneto de visita".

Artigo actualizado às 11h03. Foi acrescentada informação sobre estes serviços em Braga.