Videojogo onde é possível ser membro da ETA causa polémica em Espanha
A nova edição do jogo Counter Strike está disponível a partir de 21 de Agosto. Delegado do Governo no País Basco, Carlos Urquijo, diz o jogo que é uma "humilhação para as vítimas da ETA"
Chamam-lhes “Separatistas” e nunca assumem que se trate da banda terrorista basca, mas qualquer semelhança com a ETA não será pura coincidência. Falamos da nova versão do videojogo Counter Strike, onde os jogadores podem vestir a pele de um membro do grupo ETA e que já está a causar polémica em Espanha.
O capuz branco e a boina já deixariam poucas dúvidas, mas, para completar, há uma descrição ainda mais óbvia: “Facção minoritária europeia” que comete “actos atrozes de terror com o objectivo de alcançar a sua visão nacionalistas” e com um “enorme desejo de auto-determinação”, pode ler-se em vários fóruns de videojogos.
O delegado do Governo no País Basco, Carlos Urquijo, já pediu à empresa americana Valve que cancele o lançamento do videogo, previsto para o dia 21 de Agosto, alegando que se trata de um "disparate absoluto" e "uma humilhação para as vítimas da ETA".
"Uma ofensa a todos os espanhóis"
Em declarações à agência EFE, Urquijo realça que a comercialização seria "uma ofensa a todos os espanhóis que sofreram durante 50 anos para agora verem esse sofrimento num jogo virtual". À empresa americana, o dirigente espanhol realçou que "aquilo que eles consideram um jogo fez em Espanha 857 vítimas".
As críticas não se ficaram por aqui. A Facua, organização dedicada à defesa do direito dos consumidores, pediu também que seja eliminada a "simbologia etarra" do jogo, alegando "respeito pela memória das vítimas e pelos seus familiares", diz o El Mundo, citando um comunicado da empresa. Nas redes sociais, a polémica está também instalada.
Polémicas à parte, num dos muitos vídeos onde se pode ir espreitando as novidades do famoso jogo - que se espera que tenha milhões de jogadores activos, como na anterior versão -, é ainda possível perceber o sotaque espanhol (38:40 min.) no inglês falado pelos supostos etarras.
Na nova edição do jogo, intitulada Global Offensive, os “etarras” têm de enfrentar corpos policiais anti-terrorismo, como o FBI, o SWAT, o SAS ou o GIGN. No lado dos terroristas estao presentes os piratas somalis, grupos violentos dos Balcãs, anarquistas ou terroristas profissionais.
O Counter Strike: Global Offensive vai estar disponível para a Xbox 360 e para a PlayStation 3 e pode ser jogado em grupo ou através da internet, onde também se podem ir espreitando algumas novidades da edição.