Quem passar pelo Porto, durante Agosto, pode percorrer as ruas da cidade como se percorresse os corredores de uma galeria. A P28 – Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico quer estabelecer um encontro entre a arte e o público e, para isso, criou o projecto Outdoor, expondo as obras contemporâneas de artistas e arquitectos nacionais e internacionais em 18 "placards" espalhados pela Invicta.
Sandro Resende, director artístico da P28, afirma que este projecto "é uma manifestação de arte pública que vai ter com o público". Com o objectivo de democratizar a arte, a associação escolheu os "outdoors" por serem um meio de comunicação de massas, dando-lhes uma nova vida. "Havia um tema agregador que era tentar manipular o suporte que é mais usado para publicidade e até para política", explica o responsável, acrescentando que esperam, assim, chegar a um público vasto.
Tentando desmistificar um pouco a arte contemporânea portuguesa, a P28 Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico procura, sobretudo, contrariar a ideia de que esta "é só uma arte elitista, que está dentro de uma galeria", comprovando que "pode chegar a qualquer pessoa".
Mesmo assim, Sandro Resende garante que a realização deste projecto "Outdoor" não tem uma intenção social. "Não tem qualquer dever cívico para informar o público que não vai a galerias do que é a arte", revela o director artístico. "Não estamos aqui para ensinar ninguém”, reforça, explicando que apenas pretendem "mostrar o que é que se faz de arte contemporânea em Portugal."
Exposição para toda a cidade
Assim, foram utilizados 18 painéis para expor as obras de outros tantos artistas, arquitectos e designers. A oportunidade de mostrar o trabalho tendo "outdoors" como telas e cidades como galerias foi dada a portugueses como Luísa Cunha e Pedro Cabrita Reis.
Mas o projecto também contou com Adriana Varejão, do Brasil, Chitra Ganesh, dos EUA e Leonid Tishkov, da Rússia, entre outros. Segundo Sandro Resende, a reacção dos artistas ao convite para se envolverem no projecto "Outdoor" foi "óptima".
O responsável refere que o elevado preço da utilização dos "outdoors" e a pesada logística para expor num meio como este tornavam quase impossível a um artista ver as suas obras neste suporte. "E ter a possibilidade de expor num "outdoor" de 8 metros x 3 metros no meio de uma cidade, é difícil. Não existe, não é comum", acrescenta. "É lógico que todos aceitaram com muita vontade de trabalhar", garante Sandro Resende.
A primeira cidade a receber estas obras de arte fora de portas foi Lisboa, entre Fevereiro e Março deste ano. De um a 31 de Agosto, é a vez de o Porto acolher o "Outdoor". "Agora", afirma Sandro Resende, "cabe à pessoa interpretar da melhor maneira" os trabalhos expostos. "Ou não interpretar ou até nem ver o trabalho", conclui.
