Ciclismo: adeus capacetes comuns, olá Hövding

É descrito como um capacete invisível para andar de bicicleta mas mais parece um “airbag”. É produzido em Portugal e carrega, via USB, em qualquer computador. Invenção é de duas suecas

O Hövding pode ser usado por cima de qualquer casaco e é impermeável
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O Hövding pode ser usado por cima de qualquer casaco e é impermeável
O colarinho é apenas a parte visível da invenção
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O colarinho é apenas a parte visível da invenção
O airbag só é visível quando se tem um acidente e os sensores são activados
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O airbag só é visível quando se tem um acidente e os sensores são activados

Quem já viu capacetes para ciclismo bonitos, práticos e que não despenteiem que levante o braço. Anna Haupt e Terese Alstin, duas designers industriais de formação, também não costumavam encontrar tal objecto nas lojas dedicadas às duas rodas.

Há sete anos, quando ainda eram estudantes de mestrado, decidiram pensar e criar uma protecção para ciclistas que tivesse em conta várias premissas: entre outras coisas deveria “manter a sensação de liberdade característica do ciclismo e não arruinar o cabelo”, escreve Terese, além de não fazer as pessoas sentirem-se “idiotas”.

As duas suecas fizeram estudos, afinaram conceitos e, finalmente, sete anos depois, criaram aquilo que chamam de capacete invisível, mas que mais parece uma espécie de “airbag”. É fácil de transportar quando não está a uso: pode, simplesmente, ser dobrado e arrumado dentro de um saco, o que resolve um dos problemas dos capacetes comuns.

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Anna e Terese demoraram sete anos a desenvolver o capacete invisível

Hövding é, na verdade, um colarinho que contém um “airbag” dobrado, apenas visto e activado quando se tem um acidente. Quando isso acontece, assume a forma de um carapuço, envolvendo e protegendo a cabeça do ciclista. O mecanismo é controlado por sensores que detectam movimentos anormais característicos de um acidente.

Para que o “airbag” não fosse activado com qualquer movimento, Anna e Terese estudaram os padrões dos acidentes de bicicleta, em situações do dia-a-dia. Além disso, ainda encenaram vários tipos de acidentes e registaram todos os detalhes. Depois, compilaram todos os dados e desenvolveram um método matemático que os distinguisse.

Capacete carregável via USB

A bateria tem um autonomia até 18 horas e leva seis horas a carregar, via porta USB, num qualquer computador. Com um uso médio de 30 minutos por dia, por exemplo, é necessário ser carregada a cada seis semanas.

Quando é ligado, através de um pequeno botão, acende-se uma luz, a par dos indicadores de bateria. A marca disponibiliza, ainda, actualizações para o produto, bem como novos sons de “on” e “off”, sempre que for ligado a um computador com acesso à Internet.

A fazer lembrar os aviões, dentro do Hövding existe uma caixa negra que grava dados nos dez segundos imediatamente antes ou durante o acidente de bicicleta.

O colarinho é apenas a parte visível da invenção: é removível, lavável e pode ser trocado para condizer com a roupa, através de um fecho como o da gola de um casaco. À venda na Suécia e na loja online da marca, cada colarinho pode custar 50 euros e o Hövding completo chega aos 480 euros.

Made in Portugal

O que começou como um projecto académico de duas colegas é, hoje, uma empresa que dá trabalho a um total de 16 pessoas e que já venceu vários prémios, incluindo 100 mil euros no concurso Index 2011. Com sede na cidade de Malmö, há um pormenor importante sobre esta invenção: a montagem final é realizada pela empresa sueca Alva, com instalações de produção em Portugal.

Na Suécia, todos os anos, pelo menos 40 pessoas morrem em acidentes de bicicleta e, destas, “40% teriam sobrevivido se estivessem a usar um capacete”, pode ler-se no site do Hövding. Em 2005, também neste país, foi decretada a obrigatoriedade do uso de capacetes para todas as crianças com menos de 15 anos. Esta medida lançou o debate na opinião pública sobre um possível alargamento da obrigatoriedade a todos os cidadãos.

“Para pessoas como nós, que não seriam vistas vivas com um capacete de polistireno, a ideia de que poderíamos ser obrigadas a usar um foi razão de preocupação (...) Apercebemo-nos de que a nossa tese de mestrado em design industrial era a oportunidade perfeita para descobrir se o capacete tradicional de bicicleta podia ser melhorado ou não”, contam Anna e Terese, em comunicado. Estava encontrada a motivação e o “timing” para desenvolver o Hövding.

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