O festival iniciado esta quarta-feira com a tradicional recepção ao campista acolherá Eddie Vedder, The Roots ou, esta quinta-feira, Ben Harper. Porém, com o passar dos anos, a música, mais que definir o espírito do festival, estimulando a descoberta e oferecendo oportunidade de ver bandas únicas num país em que a oferta escasseava, passou a ser extensão daquilo que podemos definir como o ambiente do Sudoeste.
Um festival que, apesar de atrair alguns resistentes de outras eras, é maioritariamente juvenil, construído à volta da ideia das intermináveis férias de Verão da adolescência: durante uma semana, há campismo para milhares aproveitarem a vida longe dos pais, há canais e praia onde mergulhar e sombra para passar o tempo sem preocupações.
Depois, quando se abrem as portas do recinto - aconteceu esta quinta-feira, com Martin Solveig, Pete Tha Zouk e Afrojack a dar música aos, segundo a organização, 17 mil já acampados -, completa-se a "experiência" Sudoeste.
O cartaz, de resto, reflecte a identidade que o festival vem definindo nos últimos anos: muita música amiga do surf e da "boa onda"; muito "reggae", obrigatório desde há vários anos e este ano mais ainda (celebram-se cinco décadas da independência da Jamaica); clássicos que fazem a festa em qualquer palco que pisem, como é o caso dos Xutos & Pontapés, e DJs que transformem a Herdade da Casa Branca numa discoteca a céu aberto: domingo David Guetta encerrará uma vez mais o palco principal e, simbolicamente, o Sudoeste, e o Sound System dos Gorillaz chegará na madrugada de sábado.
Isto sem contar com todos aqueles, como Expander ou DJ Ride, que ocuparão noite fora o Groovebox, outro dos três palcos do festival - além dele e do TMN, o principal, existe ainda o Reggae Box, onde o cinquentenário jamaicano será celebrado em grande com o encontro de históricos protagonizado por Lee Scratch Perry, Max Romeo & The Congos (esta quinta-feira, 1h00), ou as Jamaican Legends, onde encontramos Sly & Robbie (sexta-feira, 21h50).
Os grandes destaques chegam porém sexta e sábado, já depois de Ben Harper, cabeça de cartaz de sexta (0h30), ter revisto o blues, a folk e o rock"n"roll que fazem a sua carreira com a companhia de Vanessa da Mata em Boa sorte/Good luck, depois de Matisyahu dar "reggae kosher" à multidão (21h25) e de os Fat Freddy"s Drop trazerem ondulação neozelandesa até à Zambujeira (22h50).
Esta sexta, o destaque inevitável vai para Eddie Vedder, cujo percurso a solo, depois da banda sonora de Into the Wild, teve sequência em Ukulele Songs, concretização da sua paixão pelo instrumento havaiano de origem madeirense. A julgar pelos alinhamentos da actual digressão, o concerto, marcado para as 0h30, passará pelo percurso a solo, mas também pela visita ao catálogo dos Pearl Jam e pela homenagem a nomes como Bob Dylan, The Who, Tom Waits ou Mamas And Papas.
Sábado, depois de uma instituição nacional, os Xutos, chega uma instituição da música americana, The Roots. A banda de Questlove é a representação perfeita do hip hop como música de consciência social e activismo político, é uma conhecedora profunda das raízes imprescindíveis que representam a soul e o funk e é um portento de história tornada matéria viva. Chegam às 0h30 e teremos a melhor antecâmara possível para o seu concerto horas antes, quando os Orelha Negra de Sam The Kid, João Gomes, Francisco Rebelo, Fred Ferreira e Dj Cruzfader subirem ao Palco Groovebox (20h50).
Depois de um dia que apresenta ainda os Ting Tings (palco TMN, 21h), ou a electrónica de vistas largas de Four Tet (23h40), o Sudoeste encerrará no domingo com Jessie J, a estrela pop britânica, cantora de Price tag, como cabeça-de-cartaz (23h50). Nessa altura, a minoria indie no Sudoeste terá o seu momento de alegria no palco principal com os Best Coast (19h30), os Vaccines (20h45) e os Two Door Cinema Club (22h10).
Para reunir o povo todo em dança descontrolada, haverá o palco Groovebox (22h10): Throes + The Shine. Chega que dancemos o "rockuduro" antes da entrada em cena do inevitável David Guetta.
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