Morar em Paris: a Cidade Luz vista por Miguel Monteiro, um engenheiro de 32 anos

Miguel Monteiro vive em Paris há quase um ano. Diz que foi a cidade que o escolheu e aceitou o desafio. A logística da L’Oréal na Europa passa-lhe pelas mãos todos os dias

Miguel Monteiro trabalha na equipa de logística da LÓréal DR
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Miguel Monteiro trabalha na equipa de logística da LÓréal DR
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Todos os amantes têm, secretamente ou não, o desejo de viajarem até Paris durante uns dias e usufruírem de todo o glamour, romantismo e cultura que a cidade tem para oferecer. Há quem o faça pelo menos uma vez na vida e há quem o decida fazer várias vezes. O Miguel optou por ir mais longe e deixou-se escolher pela capital francesa para viver e trabalhar e, melhor ainda, na companhia da sua cara-metade.

Em Paris integra uma equipa multidisciplinar composta por pessoas de várias nacionalidades cuja missão é “coordenar e optimizar para toda a Europa a actividade das fábricas do grupo L'Oréal de forma a responder eficientemente à procura de cada uma das filiais. Isto é, servir as quantidades de produto certas, no momento certo e ao menor custo possível”, explica.

Mas porquê Paris? De acordo com Miguel Monteiro, e no seu caso, até foi a cidade que o escolheu. “Quando surgiu a hipótese de enveredar por uma carreira internacional foram equacionados vários destinos, mas finalmente o grupo decidiu-se por Paris. Eu estava aberto a qualquer possibilidade mas creio que foi a melhor decisão” revela. De resto, a vontade de sair de Portugal e ter uma experiência profissional no estrangeiro sempre foi um desejo. Aliás, as mudanças parecem fazer parte da sua vida. Miguel nasceu e viveu em Angola até aos oito anos de idade, passou por Vila Real e, finalmente, acabaria por se instalar em Lisboa onde viria a estudar engenharia e gestão industrial no Instituto Superior Técnico.

Uma cidade frenética

Todos nós criamos uma ideia da cidade, seja por aquilo que sempre ouvimos sobre ela ou pelos filmes que a escolhem como cenário. Mas viver em Paris é completamente diferente. O Miguel está a gostar da experiência, acha a cidade fantástica, mas confessa que “não é para viver lá toda a vida, sem dúvida durante uma temporada”.

Sobre Paris diz que “é uma cidade espetacular". "O centro da cidade é lindíssimo e guarda ainda os traços arquitectónicos de há mais de 100 anos. Cada edifício é quase um monumento e estão muito bem preservados. Há tanta coisa para onde olhar que é impossível reparar em todos os detalhes e é por isso que sempre que olhamos uma segunda vez descobrimos algo novo.” Mas, para além dos edifícios, agradam-lhe os vários espaços verdes que existem. “Os parisienses adoram os jardins. Para eles os jardins são como as praias para nós. Depois, é uma cidade cheia de vida e onde tudo se passa a um ritmo frenético. A oferta cultural é praticamente infinita e há sempre muita coisa a acontecer ao mesmo tempo. O difícil mesmo é escolher”, salienta.

Mas aquilo que Miguel mais aprecia é “percorrer a cidade de bicicleta, especialmente à noite quando há menos trânsito e as ruas estão mais desertas, ou beber um copo de vinho nos jardins da Torre Eiffel numa sexta-feira à tarde depois do trabalho quando faz bom tempo”, revela.

De resto a única queixa passa pelo clima que é “horrível" — "no Inverno é frio e chuvoso e mesmo no Verão não há muitos dias bonitos de sol”. Isso e também a dificuldade em fazer amigos franceses. “Para eles há uma clara distinção entre amigos e colegas de trabalho e são normalmente dois mundos que não se misturam. São individualistas e pessoas que prezam muito a sua independência. Ao contrário dos portugueses, por exemplo, não se podem considerar um povo muito afável e acolhedor."

E, por falar em portugueses, Miguel admite, de forma clara, que sente a falta deles, em particular da “família, dos amigos" e também da cidade onde vivia: "só em Lisboa tenho a sensação de me sentir em casa". "Paris é uma cidade maravilhosa, mas nunca poderia passar toda a minha vida aqui.” Aliás, o seu desejo é regressar. Mas não para já. Só depois de “aproveitar ao máximo a experiência, que está a ser muito enriquecedora”. Talvez daqui a uns anos.

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