Bolseiros protestam e contam histórias de vidas difíceis pelos atrasos nas bolsas

Manifestação desta quinta-feira junto ao Ministério da Educação e Ciência vai integrar uma tribuna pública para os bolseiros relatarem os seus problemas "na primeira pessoa"

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Rita Baleia

Os bolseiros de investigação científica vão protestar junto do Ministério da Educação e Ciência contra o agravamento das condições de vida e de trabalho, devido aos atrasos no pagamentos das bolsas, e pelos seus vínculos precários às instituições. André Janeco, da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), disse à agência Lusa que a manifestação marcada para quinta-feira, 5 de Julho, pelas 15h00, pretende mostrar “uma grande insatisfação a vários níveis”.

Referiu-se “à necessidade de um protesto muito forte dos bolseiros, tendo em conta um conjunto de agravamentos de condições, desde os atrasos no início dos pagamentos das bolsas e os atrasos no reembolso da Segurança Social”. A questão que também preocupa estes profissionais é “haver um conjunto de instituições que, tendo em conta a situação de asfixia financeira, têm estado a repercutir nos bolseiros problemas, como fazer depender a continuidade da bolsa de um prazo de três meses, o que não permite que as pessoas tenham condições de programar a sua vida”.

As queixas dos bolseiros passam também pela preocupação com o novo regulamento, que “vem diminuir na prática os subsídios das bolsas”, e com a inexistência de contratos de trabalho. A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e a secretaria de Estado da Ciência “não têm estado abertos a sugestões”, nem mesmo depois da petição dos bolseiros que vai ser discutida brevemente na Assembleia da República.

A manifestação vai integrar uma tribuna pública para os bolseiros relatarem as suas histórias e os problemas que enfrentam “na primeira pessoa”, para “demonstrar casos que a tutela não consegue aceitar como verdadeiros”, salientou André Janeco. Segundo este bolseiro, a dimensão dos atrasos depende das situações de bolsa, mas, para os processos que estão a iniciar-se, pode chegar aos seis meses.

“O problema de tesouraria da FCT não dá garantia de que não voltam a repetir-se os atrasos nos pagamentos”, realçou. “Isto tudo não aconteceria se houvesse um vínculo de contrato de trabalho”, concluiu André Janeco.