O Optimus Primavera Sound (OPS) começa oficialmente esta quinta-feira no Parque da Cidade, mas o ponto de partida foi no apartamento de Daniel Pires ao som de Black Lips, passavam os primeiros minutos das 23h00 de quarta-feira. A organização do festival, que decorre até domingo, lançou o repto para que uma pessoa pudesse receber a banda de ‘rock’ norte-americana em sua casa para um concerto exclusivo, algo que foi atribuído a Daniel Pires, responsável pelo bar Maus Hábitos, na rua Passos Manuel.
Às 23h09 já o apartamento estava lotado por cerca de 40 pessoas, maioritariamente rapazes e raparigas estrangeiros, que tinham ido lá parar mais ou menos por acaso. As pessoas pareciam entrar e continuar a entrar porta adentro, mas ninguém aparentava sair, enquanto os Black Lips tocavam o seu ‘rock’ rasgado embebido em ‘blues’.
“[A experiência] foi óptima, nunca tinha tido tanta gente aqui em casa. Estou habituado a fazer concertos, fazer festas, mas gostei. Estamos, sim, habituados a receber artistas, a dormirem aqui em casa, a ensaiarem aqui, mas nunca a ter este espaço de visibilidade e de público tão intenso. Foi interessante, ainda para mais por uma boa causa, pelo começo de um festival que queremos que funcione da melhor maneira possível”, disse à Lusa Daniel Pires, depois do final do concerto, que durou perto de 45 minutos.
Em 2008, os Black Lips passaram pelo Porto e deixaram vívidas memórias em quem lá esteve, já que a actuação no Porto Rio terminou de forma violenta, algo que não se repetiu desta vez. Para Cole Alexander, guitarrista dos norte-americanos que actuam no OPS na sexta-feira às 22h00, “cada espectáculo é diferente”, mas reconheceu que o último no Porto “acabou de forma muito caótica”. “Nós tocamos ‘rock’n’roll’ e originalmente o ‘rock’ era uma forma de arte muito perigosa, que agora amoleceu. Ainda nos mantemos verdadeiros perante esse formato do ‘rock’ que é o de que tudo pode acontecer. Estou contente por não termos morrido nessa noite, porque algumas pessoas queriam matar-nos. Mas divertimo-nos. É sempre divertido, apesar de tudo”, disse Cole Alexander à Lusa.
Entre os presentes contavam-se vários membros da organização do Primavera português e do de Barcelona, mas também figuras como, por exemplo, o responsável pela editora e promotora Lovers & Lollypops. Os Black Lips perguntaram várias vezes ao público que música queriam ouvir, reconheceram a imperfeição do seu som, “mas é isso mesmo o ‘rock’n’roll’” e acabaram com “Bow Down and Die” dos Almighty Defenders, uma banda composta em conjunto com The King Khan & BBQ Show. E assim terminou o concerto que abriu as hostilidades do OPS, a ouvirem-se as perguntas: “Será que ele te agarra como eu te agarro?/Irá ele alguma vez curvar-se e morrer?/Será que ele te agarra como eu te agarro?”