No Primavera viaja-se da Nova Zelândia à Califórnia em poucos minutos

Até às 23h00, 22 mil e 800 pessoas cruzaram a entrada no segundo dia do Optimus Primavera Sound, festival onde se falam todas as línguas, é só estar à escuta

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Para os seis estonianos é tudo incrível, incrível, incrível (António Abreu)

Bastaram 15 minutos e apenas interpelámos uma vez um grupo de portugueses que nos iludiu. É uma amostra viciada, claro, mas dá para ter uma ideia da língua que se fala no Optimus Primavera Sound. Arriscamos todas - ora vejamos.

Encontrámos Raul e Georg a cantar a plenos pulmões (com segunda voz incluída) Backstreet Boys. Não é música que faça jus à meca indie, mas não faz mal. Vieram da Bélgica (Antuérpia) porque Portugal é "muito barato". Brincam: "Comprámos aquela praia", "comprámos este pedaço de chão", parece que até compraram a Anémona, obra que dá as boas-vindas a muita gente que acede ao recinto. D.Sebastião, és tu?

Vieram para ver Wilco, Yo La Tengo, The Flaming Lips ("nunca se fica desapontado"), Shellac. Esperam que os Beatles apareçam e, já agora, os Doors, que "tocam todos os dias às 16h00", curiosamente a mesma hora da abertura de portas. O ano passado, Georg esteve em Barcelona. "Era só cimento." Aqui há relva.

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Naturais da Califórnia, Jimmy, Tammy e Kristi vinham para ver Björk António Abreu

Da Califórnia à Nova Zelândia

O Parque da Cidade parece ter quebrado o coração de muita gente. "É lindo, muito bom para não vir", diz John, perto do Palco Optimus, onde Linda Martini acabam de inaugurar o segundo dia do festival. Veio de Brighton, no Reino Unido, para ver, especialmente, Shellac, Codeine e Dirty Three. "O parque é genial, elogia o galego Juco. "Vim cá ver Moby há dois anos, é um sítio muito bom." Trouxe-o o cartaz (Wilco, Death Cab For Cutie, Flaming Lips, The xx) e a localização: "É só a hora e meia de distância".

Lili e Maria são da Finlândia, embora a segunda tenha nacionalidade alemã. O cancelamento de Björk ainda as desespera, mas aproveitam agora para "explorar novos sons" e espreitar Neon Indian e Shellac. Derretem-se em elogios ao parque, mas também à cerveja: "Normalmente não bebo cerveja, mas agora passei a beber." Naturais da Califórnia, mas a viajar pela Europa, também Jimmy, Tammy e Kristi tinham comprado bilhete para ver a cantora islandesa, mas não faz mal. Assim descobrem o Porto, "cidade muito bonita", muito diferente da Califórnia, de onde partiram para fazer uma viagem pela Europa.

Acabadinho de chegar, um casal  neozelandês, que vive no Reino Unido, fez escala no Porto antes de regressar a casa. Ainda estão a tentar descortinar o mapa do recinto. Comparativamente ao Primavera de Barcelona, este parece "mais calmo", o que "não é uma coisa má", apressam-se a dizer. Já o estoniano Mikael, que conhece e gosta de We Trust, está a fazer Erasmus no Porto, por isso os cinco amigos aproveitaram estes dias para o virem visitar. Não se conseguem decidir quanto ao melhor concerto até agora ("Foi Rapture!"; "Para mim foi The Drums"; "Não, não, foi Suede"). É tudo "incrível, incrível, incrível".

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