"Isaac Newton desvendou o segredo da gravidade, mas seria capaz de resolver o cubo mágico?". A publicidade ao universal Cubo de Rubik, inventado pelo escultor Erno Rubik em 1974, terminava com a equação "mais de três mil milhões de combinações, mas só uma solução". Encontrámos a solução — mas, confessamos, tivemos que sair da redacção. Chama-se Didier Ferreira e é um dos muitos portugueses com os dedos frenéticos.
A matemática sempre esteve presente na vida de Didier, engenheiro de formação e de profissão. Tem 27 anos, vive em Vila Real e tem um passatempo que já foi uma moda nos anos 80 — o cubo de Rubik. "É um vício como outro vício qualquer", conta, enquanto vai resolvendo a equação uma e outra vez durante a entrevista.
Este viciado resolve o famoso cubo mágico em 16/17 segundos. Quando começou, há sensivelmente cinco anos, treinava bastante tempo, mas hoje em dia fica-se pelos "cinco minutos à noite a tentar melhorar a técnica", revela Didier, que começou com um cubo "muito mau" que o acompanhou durante uma noitada de pernas cruzadas em frente aos tutoriais no YouTube. "Enquanto não resolvi, não dormi."
Há vários métodos para resolver o cubo de Rubik. Segundo Didier Ferreira, "os mais conhecidos são o 'Fridrich' (o mais usado), o 'Ruchs' e o 'Petrus' ".
De olhos bem fechados
O cubo de Rubik, "dos puzzles mais interessantes que existem no planeta" (e Didier conhece muitos), fica mais interessante conforme o grau de dificuldade: resolução com apenas uma mão, por exemplo, ou de olhos fechados. A modalidade "blindfolded" (de olhos fechados) baseia-se, essencialmente, na memória de cada jogador. "A sensação é absolutamente genial", comenta o especialista. O cubo "é memorizado tal qual está baralhado." Na "blindfolded" os tempos são mais longos, mas o recorde mundial anda à volta dos 30 segundos.
Em Portugal, o cubo mágico vai tendo cada vez mais participantes. Já se realizaram competições do cubo de Rubik em 2008 e 2009. E este ano, há esforço para que se realize novamente. "O problema é sempre a falta de um espaço", comenta o português, que diz que o objectivo deste tipo de eventos "é mostrar que o cubo mágico está a voltar a ser moda".
Lá fora, as coisas são diferentes. Há muitos mais campeonatos no estrangeiro: em Espanha, há cerca de três por ano, na Bélgica também, e nos EUA existem com ainda mais frequência. Para além das competições a nível nacional, há ainda o torneio mundial onde "todos os cubistas se reúnem" mostrando as suas capacidades na resolução do cubo de Rubik, "o mais interessante dos cubos".