Entre cassetes de vídeo, num centro comercial ou com vista para o Tejo, os estudantes lisboetas preparam-se para os exames de Verão cada vez menos em casa, por considerarem que se concentram melhor num espaço público.
No clube de vídeo Cineteka, no Parque das Nações, Rita Gonçalves, de 22 anos, estuda para um exame de Ciências Farmacêuticas. Ao início da tarde de segunda-feira, era a única a estudar com vista para cassetes de vídeo.
A futura farmacêutica diz que o que prefere em estudar no bar do clube de vídeo é a luz e a música "chill out", porque não consegue estudar “no silêncio da casa”, por isso tornou-se assídua da Cineteka e é conhecida do gerente do espaço.
“Às vezes estuda, outras não”, brinca Bruno Mendes. Como Rita, muitos jovens, “uns 75% universitários”, trocaram o quarto pelo clube de vídeo para estudar e tornaram-se “pessoas da casa”.
“Julgo que é um espaço acolhedor, com net grátis e aberto até às 24:00”, descreve o responsável.
No Centro Comercial
Na zona de refeições do centro comercial das Twin Towers, em Sete Rios, já foi proibido estudar na hora das refeições, porque os estudantes ocupavam a maioria das mesas de refeição, conta Ana Nunes, que começou a estudar neste espaço com os colegas “para fazer os trabalhos de grupo da faculdade”. Hoje, já sem os avisos afixados na parede, os alunos mantêm-se, e esta jovem de 26 anos, agora a fazer a especialização para revisora oficial de contas, continua a concentrar-se melhor neste shopping do que em casa, porque “é um “espaço amplo” e “com boa luz”.
Para Maria do Rosário e Andreia Gonçalves, colegas do curso de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia, as Twin Towers são um “ponto de encontro a meio caminho” das suas casas, em Sintra e no centro lisboeta. Vêm estudar para aqui apenas no Verão — “que no Inverno está muito frio” — e apontam a calma do espaço “apesar de muitas vezes encher” com outros estudantes.
Com vista para o rio, numa tarde de calor, na esplanada do Centro Cultural de Belém (CCB) vêem-se mais estudantes do que turistas. Maria Lourenço, estudante de Direito, trabalha “quase sempre fora de casa”.
Estudar à beira-rio
Na esplanada do CCB, esta jovem de 19 anos aprecia o “barulho ambiente, o ar fresco e a paisagem” — privilegiada, com vista para o rio. À medida que a época de exames avança, são cada vez mais os estudantes que também escolhem este espaço, talvez motivados pelas mesmas características, aponta a estudante.
Ao seu lado estão três estudantes do secundário a preparar o exame nacional de alemão. “A ideia era estudar, mas já estávamos distraídos”, admite Rita Duarte. Em casa, admite, era ainda pior: “Aqui não há Facebook. Em casa é complicado”, confessa, entre risos.
No ensino secundário, mais de 164 mil alunos inscreveram-se este ano para a primeira fase dos exames, que termina na quarta-feira. Desses, cerca de 100 mil são candidatos ao ensino superior.