Segundo a minha condição de rapariga (e não quero com isto ofender ninguém até porque, como em tudo na vida, há obviamente muitas e provadas exceções) vibro mais com os jogos da seleção que com o meu clube.
Este ano lá estamos nós no euro outra vez. Diz que foi por um triz, foi difícil, estivemos à rasquinha, mas conseguimos. Pois, eu não sei bem, porque mais uma vez, só presto atenção a jogos da seleção quando são os finais, os decisivos, os tudo ou nada, mas não é sempre por um triz? Somos portugueses, tudo o que fazemos é por um triz, à rasquinha, havia a seleção de ser diferente? A mim (e olhando para o meu grupo de amigos) espanta-me que eles cheguem a horas ao estádio. Aliás, dá-me vontade de levantar e bater palmas cada vez que os vejo a entrar de mãos dadas com os meninos e meninas do Mcdonald’s (os patrocínios ao mundo do futebol davam um texto completamente diferente) 5 minutos antes do jogo começar. Isto é, quando não chego para ver o jogo 5 minutos depois de começar.
Tenho idade suficiente para me lembrar de quando a febre do Euro e do Mundial não atingia Portugal. Nessa altura a seleção portuguesa era tipo San Marino ou o Chipre (tudo boa gente mas no que diz respeito ao futebol… ). E de repente em 91 ganhámos o Mundial de juniores. Disto não me lembro, mas diz quem sabe que foi uma alegria ver um jovem Peixe e Figo a darem tudo pela seleção. E depois estes juniores fizeram-se seniores, e o resto já se sabe. Presença em quase todos os Mundiais e Europeus. As marcas começaram a despertar para a seleção. E veio o Scolari. Aí sim, as lojas dos chineses ficaram escandalosamente mais ricas pelas vendas das bandeirinhas de Portugal.
Uma breve nota, estou a escrever este texto antes do jogo de dia 21 contra a República Checa. Se fosse depois o discurso seria, provavelmente, diferente, porque as pessoas são assim no que toca a seleção. Incoerentes. Emocionais. Disparatadas até. Mas não Indiferentes.
Muitas coisas se comentam e escrevem em relação à seleção. E aos jogadores. E às instalações dos jogadores. E às famílias dos jogadores. Mas uma coisa é certa, os Portugueses também não são os adeptos ideais. Não somos os fãs Irlandeses a entoar cânticos de apoio aos jogadores mesmo com o jogo resolvido (e perdido) contra Espanha. E há lá coisa melhor do que ver a nossa seleção jogar e ganhar? Quem não (quase) derrama uma lágrima só de pensar na final de 2004? Por isso, independentemente do resultado de quinta-feira, uma coisa é certa, lembro-me de Junhos bem piores.
Esta crónica foi escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico