Lauren Thomas é uma americana de Nova Iorque, “a terra mais fabulosa do mundo”, a viver em Maputo. Em Moçambique há cerca de dois anos, esta nova-iorquina veio primeiro em passeio, conhecer o país onde se queria aventurar. Numa dessas viagens pelo interior de terra encarnada viu muitas pessoas a caminhar à beira da estrada e pensou no quanto uma bicicleta as poderia ajudar e melhorar as suas vidas. Porque seria que as pessoas não utilizavam mais gingas?
Nessa altura, Lauren terminava o MBA em Barcelona e aproveitou uma cadeira de Empreendedorismo para pensar no assunto mais a fundo e elaborar um planos de negócios para uma possível empresa nesta área. Em poucas palavras, “as pessoas não utilizam as bicicletas como meio de transporte porque não as há e quando há são caras e difíceis de utilizar pelas mulheres”, as principais responsáveis pelo trabalho nas famílias e comunidades africanas, que usam capulanas (tecidos locais) no lugar de saias. Nasceu então o embrião da ideia que em Maio de 2010 se materializava nas Mozambikes.
As Mozambikes são bem mais que o nome. São uma empresa, um projecto social, um sonho pessoal. “Muito importante, as Mozambikes não são uma ONG, mas uma empresa sustentável, que emprega moçambicanos, treina técnicos e paga impostos”, refere Lauren. “É uma social business joint venture, muito em voga nos Estados Unidos.” Talvez por isso, as Mozambikes tenham chamado à atenção da William James Foundation, uma fundação na área da responsabilidade social, a qual a distinguiu com vários prémios.
Afinal, que bicicletas são estas?
As bicicletas das Mozambikes são socialmente responsáveis. Por um lado, têm o quadro enviesado para serem usadas tanto por homens como por mulheres com as suas capulanas coloridas. Por outro, todas as peças e materiais são produzidas na China e na Índia, mas posteriormente montadas na oficina de Maputo, onde os técnicos especializados treinam, diariamente, a sua arte.
Em termos de negócio, o objectivo principal é vender publicidade nas bicicletas. Significa que os clientes podem pintá-las com as suas cores, levando as suas marcas até onde outros meios de transporte nem sequer se atrevem. Desta forma, as bicicletas de Moçambique já conquistaram vários clientes nacionais e internacionais e outros mais irão certamente abraçar este projecto. algumas marcas apostam em utilizar este veículo como meio publicitário ou como forma de premiar os seus funcionários ou clientes mais especiais.
Outras vertente, é a venda das bicicletas a um preço justo, 3500 Meticais ( cerca de 100 euros), tanto para uso pessoal como para doações a quem mais precisa. Lauren têm clientes de todos os cantos do mundo: “Estrangeiros, empresas, ONGs, o mundo, este é o nosso público. Sei que não somos um Koni, mas porque não pensar em grande?”, questiona.
Perante a questão de como se combatem as dificuldades de pedalar numa cidade como Maputo, Lauren não hesita na resposta “para mais pessoas andarem de bicicleta, só mesmo mais pessoas andarem de bicicleta”. Quem somos nós para discordar?
Texto actualizado às 15h34 de 25 de Maio com nova redacção do 5.º parágrafo