O Festival alkantara vai apresentar cinco espetáculos em estreia mundial, em Lisboa, a partir de 23 de Maio, e “propor soluções criativas” para uma Europa em crise.
“É uma edição de crise, um bocado mais pequena do que a anterior [há dois anos]. Como trabalhamos com artistas bastante ligados à actualidade, e que medem a temperatura ao que está a acontecer, isso passa para as criações artísticas”, disse à agência Lusa Thomas Walgrave, director do festival.
Este ano, o alkantara vai trazer uma centena de artistas das áreas da música, teatro e dança a uma dezena de espaços culturais de Lisboa, num total de 21 propostas artísticas e mais de 600 apresentações, ao longo de 18 dias.
Apesar de ter sido concebido sob o signo da crise, o alkantara, como ressalvou o director do festival, não pretende ser melancólico: “Queremos questionar o modelo económico e social actual, muito virado para o indivíduo. Temos vontade de ir à procura de soluções no colectivo, sem o idealizar”. “Qualquer mudança é difícil e dolorosa. Nós lançamos questões em cima da mesa, com muita energia e humor. Não é uma edição de queixas nem de tristeza”, descreveu.
O festival arranca a 23 de Maio, com uma estreia europeia do espetáculo de dança “The Inkomati (dis)cord”, de Boyzie Cekwana & Panaibra Canda, na sala principal do Teatro São Luiz, em Lisboa.
"Optimistas e combativos" contra a crise
Em destaque, neste festival de artes performativas contemporâneas, estarão ainda as peças “En Atendant" e "Cesena", da coreógrafa e bailarina belga de Anne Teresa De Keersmaeker, que este ano é artista convidada de Lisboa e apresentará espetáculos em vários espaços culturais de Lisboa. João Fiadeiro, Tiago Rodrigues, Sofia Dias, Vítor Roriz, Ana Borralho e João Galante são alguns dos artistas portugueses que participam no festival.
A política do festival de cariz internacional é, segundo Thomas Walgrave, apresentar pelo menos um terço de trabalhos portugueses. Um desses trabalhos resulta de uma investigação do actor e encenador Tiago Rodrigues, nos arquivos nacionais, sobre a censura nos textos para teatro.
O resultado será apresentado em forma de uma peça intitulada “Três dedos abaixo do joelho”, no Teatro Nacional D. Maria II, a 29 de Maio. Os espectáculos vão ser apresentados em vários espaços culturais, como em edições anteriores, além do Teatro D. Maria II, o Centro Cultural de Belém, o Teatro Maria Matos, a Biblioteca Nacional, Culturgest, Teatro Municipal São Luiz, Museu da Água, Museu da Eletricidade, entre outros.
Ainda segundo o director artístico, o festival acontece este ano com o apoio da Direcção-Geral das Artes, da Câmara Municipal de Lisboa e de redes europeias, além das parcerias dos espaços culturais em Lisboa. “As dificuldades orçamentais deste ano foram muitas e os artistas em Portugal sofrem bastante com a crise, mas estamos optimistas e combativos”, concluiu Thomas Walgrave.