Ian Curtis, o primeiro mártir dos anos 80 morreu há 32 anos

Ian Curtis, o vocalista dos Joy Division, morreu a 18 de Maio de 1980, na sua casa de Macclesfield

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O epitáfio de Ian Curtis, no cemitério de Macclesfield, Cheshire, nas imediações de Manchester, não poderia ser mais apropriado: "Love Will Tear Us Apart". A canção, que hoje é um clássico da iconografia pop-rock, perdura como registo autobiográfico de uma estrela tão ascendente quanto suicida.

Lançado postumamente, "Love Will Tear Us Apart" foi o tema mais funesto gravado pelos Joy Division e o "single" do grupo que mais subiu na tabela de vendas inglesa (um modesto 13.º lugar). A canção já conheceu várias versões (de Paul Young aos Nouvelle Vague) e foi nomeada para o prémio de melhor tema dos últimos 25 anos da música britânica (ganhou Robbie Williams...).

Juntamente com "Closer", segundo álbum de originais, o tema contribuiu para imortalizar uma banda cuja importância é inversamente proporcional à sua duração e transformar Curtis no primeiro mártir rock dos anos 80. Anos que não viveu de todo, mas que influenciou como ninguém.

Ian Curtis suicidou-se na sua casa de Macclesfield a 18 de Maio de 1980, depois de assistir a um filme de Werner Herzog e de ouvir "The Idiot", de Iggy Pop. Morreu prestes a partir para uma digressão pelos EUA, de forma aparentemente premeditada, no auge da carreira do grupo e depois de concluído um dos seus sonhos: ser capa do "New Musical Express".

As suas últimas canções eram já bilhetes desesperados de despedida, resultado de uma vida amorosa tortuosa e de uma epilepsia que nunca quis assumir frontalmente. As duas últimas letras que escreveu, as de "Ceremony" e de "In a Lonely Place" (com que os sucessores New Order se estrearam), são esclarecedoras quanto às suas intenções lúgubres. Assim como as imagens de "Closer".

Punk ou post-punk?

Peter Saville, o "designer" das capas do grupo e da esmagadora maioria dos discos da defunta Factory Records, escolhera sem saber a mortalha ideal para o vocalista dos Joy Division: as fotografias do cemitério de Staglieno, em Génova, da autoria de Bernard Pierre Wolff. Vinte e cinco anos depois, Saville reconheceu, à "Mojo", que Curtis fizera da capa de "Closer" mais uma nota para o seu suicídio.

“Os Joy Division não eram punk, mas eram directamente inspirados pela sua energia”. Jon Savage, uma das vozes críticas essenciais dos anos 80, sabe o que diz. No início, o grupo chegou a chamar-se Warsaw, em homenagem a David Bowie (o primeiro tema do lado B de "Low" chamava-se "Warszawa"), quando pelo palco do Electric Circus passavam os The Buzzcocks, os The Fall e outras bandas que faziam de Manchester o pólo criativo que varreu o final da década de 70 e da década seguinte.

A proximidade fonética com o nome de uma banda que nunca deixou a obscuridade foi o argumento para a mudança de nome para Joy Division — a ala dos campos de concentração nazis destinada ao trabalho sexual forçado.

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