Kanye West estreou-se em Cannes numa pirâmide do gabinete de Rem Koolhaas
Uma equação improvável? Talvez, mas é mesmo isso. Kanye West estreou-se no cinema com "Cruel Summer", filme exibido em sete ecrãs num auditório temporário em Cannes
A Palma de Ouro já foi entregue (para "Amour", do austríaco Michael Haneke) e já começou a contagem decrescente para a 66.ª edição do Festival de Cannes. Este ano, houve, no entanto, uma estreia que, apesar de megalómana, talvez tenha passado um pouco despercebida por cá.
Kanye West estreou-se nos filmes e, claro, de uma forma apoteótica: "Cruel Summer", a curta de 30 minutos, que acompanha o próximo álbum, filmada no Qatar com sete câmaras, foi exibida num pavilhão temporário desenhado pelo gabinete de arquitectura do holandês Rem Koolhaas. Com 200 lugares, o auditório em forma de pirâmide foi fruto de uma colaboração entre a DONDA, a empresa de design que Kanye criou com o objectivo, proferido no Twitter, de continuar o trabalho de Steve Jobs, e o escritório OMA, em cooperação com a empresa local Ar'Scene.
O pavilhão, cujo projecto foi conduzido pelo japonês Shohei Shigematsu, sócio do grupo holandês, com assinatura de Oana Stanescu, foi criado para imergir totalmente a audiência num cinema com uma constelação de sete ecrãs, conceito inventado pela DONDA. "Estamos entusiasmos por estamos envolvidos no desenvolvimento deste protótipo para uma nova experiência cinematográfica, juntamente com outras entidades criativas", comentou Shigematsu.
Reivenção do cinema?
Em Palm Beach, a pirâmide esteve a "levitar" durante os dias 24 e 25 de Maio, datas das projecções de "Cruel Summer", que, convém sublinhar, não entrou na competição.
Quanto ao filme propriamente dito, após a exibição, o "rapper" norte-americano "superstar", que não dispensou a companhia de Kim Kardashian na estreia, não foi parco em palavras... ou modéstia: "É um filme para a era pós-Steve Jobs, quando temos sete ecrãs à nossa volta e não somos nada se não estamos online."
Segundo o "The Guardian", Kanye disse ainda que é a conversão em realidade de impressões que tentava capturar desde criança com um "crayon" e, ainda, uma reinvenção do cinema — "Talvez um dia esta seja a forma como veremos filmes."
"Cruel Summer" "é tudo isto e nada disto". "É um anúncio da música. Um anúncio de West.", conclui o crítico Henry Barnes. "É tanto uma 'curta' como um longo videoclipe. Grande, barulhento e caro."