O "twitter chinês" enfrenta cerco cada vez mais apertado

A maior rede de "microblogging" da China, a Weibo, criou um código de conduta que restringe o conteúdo de mensagens publicadas "online". Mais um acto de censura?

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A Weibo tem perto de 300 milhões de utilizadores registados Gou Yige/AFP

A Weibo, a maior rede de "microblogging" da China, o equivalente ao Twitter no país, introduziu um novo código de conduta que restringe o tipo de mensagens que podem ser publicadas "online". Os analistas consideram que se trata de mais uma manobra de censura de Pequim à actividade dos internautas chineses.

A Weibo — muito popular no país, com 300 milhões de utilizadores registados — decidiu levar a cabo esta medida depois de as autoridades terem criticado a difusão de “rumores infundados” naquela plataforma. Um comité de peritos do Weibo ficará responsável por monitorizar a actividade dos utilizadores.

Os analistas consideram que quem está por detrás desta medida não é tanto a empresa que detém a Weibo, a Sina, mas antes o regime de Pequim. O blogue Tech in Asia, citado pela BBC, escreve que os novos regulamentos foram beber directamente à lei chinesa e são mais uma forma de censura dos internautas.

Assim, ficam a partir de agora proibidos quaisquer "posts" e mensagens que espalhem rumores, publiquem informação falsa, ataquem outras pessoas com insultos ou comentários caluniosos, se oponham aos princípios básicos da Constituição chinesa, revelem segredos de Estado, ameacem a honra da China, promovam cultos ou superstições e apelem a protestos ilegais ou mobilizem as massas.

Prevaricadores perdem pontos

A Sina Weibo introduziu igualmente uma outra característica nesta rede: o funcionamento por pontos. Toda a gente começará, alegadamente, com 80 pontos e os prevaricadores vão perdendo valores. Se os pontos descerem abaixo dos 60, os utilizadores serão avisados desse facto. Se chegarem a zero, os internautas poderão ver as suas contas serem canceladas.

“Este é um sinal de que as autoridades estão a tentar restringir os internautas na China, mas haverá sempre um núcleo duro de pessoas que conseguirá dar a volta às restrições”, disse à BBC Kerry Brown, do "think tank" Chatham House. “Há uma tradição de crítica indirecta na qual as pessoas usam referências codificadas. Duvido muito que estas regras mudem alguma coisa”.

Estas mudanças foram inicialmente reportadas aos media ocidentais por um grupo anónimo de voluntários que se dispôs a traduzir as novas regras, que acabaram por ser publicadas no blogue The Next Web.

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