Colocar anúncios de emprego em jornais ou em sites generalistas “já não é uma solução viável” para as empresas. Enviar currículos “já não resulta” para quem anda em busca de uma oportunidade. O binómio anda na cabeça de Álvaro Sardinha, engenheiro de máquinas responsável pela criação da Workub, uma plataforma online de competências, útil para quem oferece e procura trabalho e para quem anda em busca de parcerias e de novos negócios.
Foi depois de desenhar um manual de competências que fortalecesse a interação dentro da empresa de "software" de engenharia e arquitectura que criou em 2003, a Tecad, que Álvaro Sardinha percebeu que tinha entre mãos um projecto com potencial. Tornar o sistema “global” pareceu-lhe, por isso, uma boa aposta. Na Workub, online desde Agosto de 2011, não há currículos, “há perfis de competências” desenhados para serem “universais”.
A ideia é seguir aquilo que Álvaro Sardinha considera a necessidade das empresas actualmente: “Procuram competências muito específicas. Não querem ler currículos e ter muito trabalho, querem encontrar de forma rápida uma pessoa que tenha as competências de que precisam”.
Para trabalhadores e empresas
Inicialmente, a plataforma foi construída a pensar em arquitectos (e ainda é essa a área mais forte em termos de utilização), mas alargou-se, entretanto, a 14 categorias de profissões e cerca de 300 empresas. A Workub divide-se em duas áreas: uma dedicada aos trabalhadores e outra dedicada às empresas. Os trabalhadores, depois de um registo gratuito com nome e email, passam por um inquérito de competências dividido em três etapas.
O “Saber”, onde devem responder a questões como o grau de competências em termos de um "software" específico, conhecimento em determinadas áreas ou grau de ensino; o “Saber Fazer”, com perguntas de escolha múltipla onde se explora a experiência da pessoa; e o “Saber Ser”, que corresponde a competências transversais, como a capacidade de trabalhar em grupo ou sob stress, e que não é o utilizador que preenche. Nesta fase, o utilizador deve convidar cinco pessoas (fornecendo apenas nome e email) a avaliarem-no.
Quando as cinco avaliações são submetidas, o perfil fica completo e disponível para qualquer empresa do mundo poder aceder. Quem não quiser passar pela última etapa fica na mesma inscrito no site, mas aparece sempre nos últimos lugares da pesquisa. Perfil pronto, garante Álvaro Farinha, em “cerca de cinco minutos”.
As empresas precisam apenas de fazer um registo com email e palavra-chave, colocar informações genéricas (nome, morada) e definir as três actividades principais. “Não há escrita, é só pesquisa, uma vez que temos 'templates' de comunicação previamente definidos”, explica o fundador da Workub.
Plataforma "global" em três línguas
Uma plataforma destas “só faz sentido se for global”, diz. Por isso, o site está disponível em português, inglês e espanhol, sendo a tradução feita automaticamente. Há menos de um ano na web, a plataforma conta já com cinco mil pessoas inscritas. Mas, até ao final do ano, Álvaro Sardinha espera chegar aos 50 mil, com utilizadores de todo o mundo: “Feliz ou infelizmente a plataforma vem numa altura boa", admite.
No final de Maio, a Workub vai ter ainda outra funcionalidade disponível: a “promoção de oportunidades”. Quem tiver uma ideia para um negócio, mas não tiver dinheiro ou precise de um parceiro vai poder expor num novo formulário a sua ideia, que ficará disponível para toda a rede.
Para os trabalhadores, “o serviço é 100% gratuito, para as empresas é 90%”, informa o engenheiro. Estas podem colocar de forma gratuita anúncios de emprego, divulgar oportunidades de negócio, comunicar com outras empresas e pesquisar competências. Se encontrarem o perfil que procuram e quiserem obter o contacto da pessoa têm de pagar um euro por cada contacto.
Outro serviço disponível no site é a publicidade, que, com um “motor de segmentação muito fino” se pode tornar particularmente eficaz e tem um preço de cerca de 50 euros por anúncio. Podemos dizer que queremos só arquitectos, desempregados, com menos de 30”, exemplifica Álvaro Sardinha.
É uma “aproximação entre oportunidades de negócio e empresas”, que tem como objectivo “corrigir as assimetrias do mundo”, diz o fundador. “Se Portugal está a passar uma fase difícil, há países em que isso não acontece. Há muito pouco trabalho no nosso país, mas podemos fazer parcerias com outros países.” Um empurrão da crise (“obriga-nos a pensar e a descalçar botas de uma vida para calçar botas de corrida”), que, acredita Álvaro Sardinha, obriga os empresários a serem “criativos” e a procurar novas oportunidades.