Lisbon Fetish Weekend: BDSM e fetichismo fora do armário

Três dias — não será pouco? — dedicados a "desmistificar opções e estilos de vida alternativos". De 31 de Maio a 2 de Junho, Lisboa vai estar no roteiro da cena fetichista mundial

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Javier Pais/Flickr
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São três dias dedicados ao BDSM, fetichismo e “kink”, em que (sim) há uma festa, mas há também um colóquio, uma exposição e um concurso de fotografia.

De 31 de Maio a 2 de Junho, o Lisbon Fetish Weekend pretende de uma forma “educativa”, “desmistificar opções e estilos de vida alternativos que muitas vezes são considerados patológicos” através de actividades científicas, culturais e lúdicas.

É verdade que hoje há “cada vez mais pessoas a sair do armário”, diz a organização. “A aceitação é cada vez maior. Sabemos que o preconceito não vai parar, mas temos de dar o próximo passo em frente”. Um bom passo pode ser já este evento promovido pela Consensual, organização criada por um grupo de pessoas que partilham um objectivo comum — promover e divulgar culturalmente conteúdos ligados ao BDSM e ao fetichismo em Portugal para a comunidade interessada e para a sociedade em geral.

Na prática, é um site aberto à participação de todos que apresenta conteúdo actualizado sobre formas não normativas da sexualidade. Há artigos que reflectem sobre o enquadramento jurídico do BDSM, outros que apelam a uma prática sexual saudável ou, até mesmo, plural.

E o que vai acontecer?

Depois da The Gathering Party,uma festa que se repetiu vários anos, o Lisbon Fetish Weekend, adoptando um formato mais próximo dos eventos internacionais, torna-se, assim, mais um momento visível desta comunidade que costuma preferir a privacidade dos encontros em casas privadas. O propósito é claro: colocar Lisboa no roteiro da cena fetichista mundial, numa altura em que a capital tem aparecido extremamente bem cotada nos guias turísticos.

Começando pelo fim: a ansiada "Kinky Party", a festa de encerramento, realiza-se no LX Factory, mais propriamente no LX Casting Club, a 2 de Junho. Promete-se “glamour e elegância” e, para isso, será exigido um rigoroso “dress code”, essencial para criar um “ambiente fetichista” com uma “carga erótica e sexual muito grande”. Recomenda-se látex, vinil e preto, sempre o preto. Aparecer de calças de ganga, ténis ou t-shirts de algodão só poderá provocar a fúria da “doorbitch”, a não ser que integrem alguma personagem. Está tudo explicado aqui.

A organização não levanta muito o véu sobre o que se irá passar, mas poderá esperar-se, “possivelmente”, uma passagem de modelos de roupa fetichista, actuações de fogo e de dança, uma performance burlesca, “show” de “shibari” e jogos de sombras.

Dia 31, pelas 18h30, a Fábrica do Braço de Prata recebe um colóquio de cariz científico sobre BDSM e fetichismo, coordenado pela investigadora e professora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Alexandra Oliveira, que conta com a presença de oradores como António Fernando Cascais e Nuno Pinto.

No dia seguinte, no mesmo local, inaugura a exposição “Olhares Consentidos – 2012”. Patente até 1 de Julho, esta exibição de fotografia “erotick-kink” reúne trabalhos eróticos de fotógrafos como o francês Jean-Paul Four, do italiano Hikari Kesho, que já levou a técnica “shibari” para lagos e jardins (ver vídeo à esquerda), e de, entre outros, Peter Czernich, da revista fetichista Marquis. Para meter inveja: Dita von Teese já esteve à frente da lente dele. Paralelamente, está a decorrer, até 10 de Maio, um concurso de fotografia fetichista, aberto a fotógrafos profissionais e amadores. Os premiados também vão integrar a exposição.

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