Ai que prazer acordar com uma boa notícia: Vítor Gaspar diz que Portugal está “no bom caminho” para o crescimento económico e a criação de emprego.
No último dia dos encontros de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), à margem dos quais se encontrou com a liderança do FMI, banqueiros e gestores de grandes fundos de investimento, o ministro das Finanças fez um “bom balanço”. A reacção destes actores financeiros internacionais terá sido de “grande disponibilidade e curiosidade” para ouvir a nossa “perspectiva do que se está a passar em Portugal”.
“O comportamento das exportações foi muito favorável durante 2011. Nos últimos meses, Portugal tem tido um ganho muito significativo de quotas de mercado, a correcção do desequilíbrio na nossa balança comercial, na nossa balança de bens e serviços, na nossa balança de transacções correntes, tem ocorrido significativamente mais depressa do que estava previsto no programa, e isso testemunha a capacidade da economia portuguesa para se ajustar neste período difícil”, acrescentou Vítor Gaspar, em declarações à RTP.
E a bondade destas palavras pausadas, logo pela manhã, como que realça o olho azul-escuro do ministro. Nunca se tinha reparado que ele tem os olhos cor azul-escuro: e, de repente, tudo parece boa notícia.
Azul é, também, o automóvel da Autoeuropa que faz furor na China: logo à entrada de um dos pavilhões, o novo Centro de Exposições Internacionais da China (Auto China 2012), está um Scirocco todo azul — dizem as notícias. O Scirocco “está a vender-se muito bem na China”, apesar de custar, no mínimo, 230.000 de yuans (cerca de 27.700 euros), o salário médio de um casal de Pequim durante cerca de um ano e meio.
Quem diria: exportar para a China? Afinal, o preço da mão-de-obra não é tudo!
Os modelos da Volkswagen produzidos na fábrica de Palmela da Autoeuropa – a Sharan, o Eos e o Scirocco – simbolizam o acelerado aumento das exportações portuguesas para a China, que já é o terceiro maior mercado da Autoeuropa, depois da Alemanha e do Reino Unido.
Já no final de Fevereiro, o presidente da Comissão Europeia disse estar impressionado com o recente crescimento das exportações portuguesas e a descoberta de novos mercados pela economia nacional. Durão Barroso sublinhou ainda acreditar que Portugal pode tornar-se numa economia mais competitiva, destacando que esse é um dos resultados esperados do programa de ajuda externa: “Estamos a ajudar o país a reformar o sistema, mas as reformas levam tempo a produzir resultados, daí termos que combinar medidas de médio prazo com programas de crescimento de curto prazo.”
Também os dados da Organização Mundial de Comércio revelam que Portugal conseguiu ganhar quotas de mercado, no ano passado, tanto nas exportações de mercadorias como de serviços. No caso dos serviços, o aumento da quota foi de 3,9%, o que contrasta com a perda de 7,2% registada em 2010 e com a tendência negativa que já durava desde 2009.
Para o primeiro-ministro, Passos Coelho, são as reformas laborais e da Segurança Social e o programa para impulsionar o comércio que criam um impacto “visível com o aumento das exportações”. Para os economistas, foi a contracção da nossa economia, que pressionou as nossas empresas a fazerem actividade lá fora. Por outro lado, os produtores portugueses, quando o mercado doméstico falha, conseguem reorientar a sua produção para mercados alternativos, internacionalizando-a.
Do lado das importações, verifica-se o movimento inverso, ou seja, uma diminuição a toda a linha, o que ajuda a equilibrar a balança comercial: por isso, compro o que é nosso! Viva o Scirocco azul, a banana da Madeira, a pêra Rocha, o fogão Meireles, a água do Luso, a TAP, os solares e as pousadas. Vivam as empresas portuguesas no Brasil, Angola, Moçambique, Suíça. Viva o Made in Portugal!