Depois do comboio, Sérgio quer gravar os sons da sua rua
Depois da gravação dos sons da Linha do Vouga, o designer quer fazer o registo áudio e antropológico da sua rua
Sérgio é licenciado em Design de Luz e Som para Teatro pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE). Já criou bandas sonoras para peças de teatro, já trabalhou em telediscos e vídeos. Agora trata da luz e som dos equipamentos culturais de São João da Madeira, ao serviço da câmara local. O mapa sonoro do Vouguinha não está concluído. É um “work in progress”. O seu gravador continua ligado.
Depois da experiência académica, Sérgio está seriamente a pensar gravar os sons da sua rua num registo sonoro com veia antropológica. Mora num lugar com mercearias e outras lojas típicas do comércio tradicional, geridas por gente de outros tempos. Algumas resistem com valentia e mantêm as portas abertas, outras tiveram de fechar. “É um património que se está a perder” - comenta. E antes que se perca, Sérgio gostaria de ligar o gravador.
Neste momento, tem um património único nas mãos. No Plano Estratégico dos Transportes, desenhado pelo Governo, o Vouguinha desaparecerá do caminho-de-ferro. A data ainda não está marcada no calendário e os autarcas da região acreditam que a reabilitação da linha ainda é possível. A verdade é que o mapa sonoro do Vouguinha ganha uma outra dimensão. “O meu projecto ganhou uma visibilidade que de outra forma não teria. Agora que o Vouguinha vai deixar de existir, as pessoas interessam-se e fazem perguntas”, refere. Sérgio gostaria que a linha continuasse a funcionar, mas com mais horários para melhor servir as populações.
E se no início do trabalho, tinha decidido não recorrer à imagem, usando o argumento da poluição visual, Sérgio admite agora acrescentar as fotografias que foi tirando nas suas viagens no Vouguinha. O mestrado está concluído, mas o projecto ainda lhe mora na cabeça.