A ideia andava na cabeça de Rui Zamith desde 2008, quando terminou o curso de Informática de Gestão na Universidade Portucalense, no Porto, e iniciou uma (difícil) busca de trabalho em Londres: criar uma plataforma que ajudasse as pessoas a encontrar emprego.
“Recordo-me que, na altura, não tive muita facilidade; tive de procurar directamente nas empresas, apesar de já existirem sites que agregassem essa informação”, conta o jovem de 28 anos. No final de 2010, Rui Zamith e Nuno Dhiren criavam, no Reino Unido, o Internwise, um portal que junta anúncios de empresas inglesas e currículos de candidatos de todo o mundo.
O site oferece estágios, sempre remunerados (“apesar de muitas vezes serem apenas ajudas de custo”), que pretendem funcionar como uma porta de entrada no mercado de trabalho. Há, neste momento, cerca de oito mil candidatos e mil anúncios activos, sobretudo nas áreas de design, comunicação, marketing e business.
O primeiro passo
“Estamos a falar do primeiro passo profissional - ou do segundo, para quem já fez um estágio aí, por exemplo, – e não há necessidade de envolver agências, até porque as agências acabam por criar burocracia e não ser úteis”, acredita Rui Zamith, que conversou com o P3 a partir de Londres.
Aquilo que este portal oferece é um “contacto directo”, explica Zamith: “O email cai na caixa de correio da própria empresa. Temos relatos de casos em que em dois ou três dias a pessoa está a começar [a trabalhar]; é bom para ambas as partes, para a própria empresa é prático e rápido contratar um estagiário”.
O que Zamith e Nuno Dhiren fazem “não é um serviço de agência, é a ponte” entre empresas e potenciais trabalhadores. O Internwise funciona como uma comunidade, onde os candidatos se registam, criam um perfil e colocam o CV e onde empresas colocam anúncios, que os dois portugueses espalham depois por diversas plataformas, de forma a proporcionar-lhes a maior visibilidade possível.
Quase tudo é gratuito
O trabalho deles consiste sobretudo na divulgação, moderação dos artigos, comunicação com as pessoas e contacto com empresas, para que estas anunciem no Internwise. O serviço é gratuito – para empresas e candidatos –, mas os empregadores podem contratar um serviço extra pago que dá mais visibilidade ao anúncio ou envia newsletters directamente para os candidatos.
A maioria dos utilizadores desta rede não está em Portugal. Mas Rui Zamith, que trabalha como gestor de comunicação na empresa PokerStars, em Londres, acredita que o baixo número de candidatos nacionais se deve à falta de conhecimento do serviço. Ingleses e cidadãos de países à volta são, para já, os que mais utilizam este portal.
Mesmo em Londres, um dos “centros europeus de negócios online”, Rui e Nuno não conseguem viver exclusivamente do Internwise. O objectivo é fazer crescer o portal e conseguir autonomia financeira com ele. Mas os dois jovens estão dispostos a arcar com a pouca rentabilidade do projecto: “Sentimos que, pelo menos, estamos a ajudar outras pessoas a arranjar emprego. Isso é um grande reconforto”.