Esta app portuguesa foi a mais vendida em 38 países

O "New York Times" falou da Back In Time e a app portuguesa chegou aos tops mundiais. Nesta app, o universo começou há exactamente 24 horas.

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A Back In Time está catalogada como e-book na iTunes Store DR

Aqui não há dúvidas. O ovo veio antes da galinha. Landka, chama-se ela, uma empresa com sede em Matosinhos, que nasceu para chocar uma ideia: pegar no famoso relógio criado pelo professor Bob Lambert, que nos permite entender a sucessão dos grandes eventos do universo e da terra como se o Big Bang tivesse acontecido há 24 horas, e desenvolver a partir dele uma aplicação para iPad.

O resultado caiu no goto dos utilizadores do "tablet" da Apple que, em 38 países, incluindo os Estados Unidos e a China, puseram a app Back In Time, no primeiro lugar da lista de aplicações mais descarregadas. A Back In Time está catalogada como "e-book", mas é muito mais do que um livro digital, com os seus vídeos, a música de Rodrigo Leão e um grafismo intuitivo, capaz de nos fazer recuar milhões de anos com um simples deslizar dos dedos.

Os elogios (e os "downloads") chegaram de todo o lado e, nos Estados Unidos, bastou uma chamada de atenção recente do "New York Times" para a catapultar, durante uma semana, para o "top of the tops" da iTunes Store americana. Mas recuemos no tempo. O sucesso actual estava longe de ser imaginado por Susana Landolt, directora-geral da Landka, e pelos restantes quatro elementos que, em Outubro de 2010, se juntaram, em Matosinhos, para dar corpo à ideia surgida no Verão.

Trabalhar escalas de tempo

E que ideia foi essa? “Poucas pessoas têm sensibilidade para escalas de tempo de milhões, ou milhares de milhões de anos. Daí a ideia de usar uma analogia: um relógio imaginário em que o Universo começou há exactamente 24 horas. Desta forma, aumenta-se a percepção do leitor sobre as diferentes escalas de tempo”, explica Susana.

A percepção da grandeza, e da diferença entre estas escalas é algo de difícil apreensão para muitas pessoas. Mas “neste relógio imaginário", acrescenta, “a Terra foi criada há cerca de 8 horas, os Dinossauros foram extintos só há 7 minutos e nós, Homo Sapiens, existimos há pouco mais que um segundo...", explica por e-mail ao P3, assinalando que a ideia do relógio foi originalmente proposta por Robert Lambert, do McCarthy Observatory, nos EUA.

Dez meses de trabalho

Afinada a ideia e reunida a equipa – inicialmente cinco colaboradores, designers, programadores e engenheiros com um interesse transversal pela área da educação e divulgação científica – foram necessários dez meses para se chegar ao produto final. “Foi colocado um extremo cuidado em todas as vertentes: nos textos, na fiabilidade da arquitectura de 'software', na escolha dos eventos e, sobretudo, no design da interface gráfica”. E na música, acrescentamos nós.

“Tudo isto tem que ser integrado, de raiz, no desenvolvimento do código que suporta a aplicação, e tem um custo bastante elevado dado que o tempo de desenvolvimento torna-se muito maior”, adianta Susana Landolt. A demora valeu a pena. Ainda que o investimento (que a Landka não divulgou) não tenha sido ainda coberto pelas vendas. Logo após o lançamento, a Apple destacou a aplicação, garantindo-lhe um lugar na página principal da iTunes App Store em mais de 100 dos 126 países em que está presente.

E até meados de Janeiro, o e-book Back In Time já esteve no top de vendas de livros para iPad em 38 países, entre eles os Estados Unidos, Reino Unido, China, Espanha, Portugal, Suíça, França, Canadá, Austrália e Brasil. Na China, a aplicação foi considerada "App of the week" pela Apple, quer na versão para iPad quer na versão para iPhone, revela Susana.

Novos produtos este ano

Neste momento, a Landka não vive apenas do sucesso do seu ovo de ouro. “Estamos a trabalhar em novos projectos e em áreas diferentes do 'Back in Time'. Queremos continuar a desenvolver aplicações educacionais, mas também queremos ganhar experiência no desenvolvimento e comercialização de produtos diferentes."

"Iremos lançar novos produtos ainda este ano”, garante Susana, que dá uma má notícia aos utilizadores de "tablets" e "smartphones" com outros sistemas operativos. “Estamos muito atentos ao mercado do Android e do Windows Mobile, mas achamos que ainda não é a altura certa para desenvolvermos para essas plataformas”.

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