Um mês depois do lançamento oficial, Minecraft acabou de vencer o prémio de “melhor jogo independente” nos Video Game Awards. Provavelmente, é o mais importante de todos os videojogos indie já desenvolvidos.
Em Minecraft, o avatar do jogador, Steve, é transportado para uma espécie de pintura pastoril recriada por um pixel artista, com lobos e animais de criação que circulam em liberdade. A prioridade de um jogador é recolher os recursos necessários para construir um abrigo provisório. À noite, a paisagem idílica transforma-se num lugar hostil, com criaturas perigosas.
A galeria de vilões de Minecraft é das mais fascinantes da cultura popular actual: os creepers, monstros suicidas que emitem um som “ssssibilado” antes de explodirem, são um ícone do jogo, evocando os horrores do terrorismo moderno; os misteriosos endermen, seres longilíneos que se teletransportam e carregam blocos sem razão aparente; e ainda zombies, esqueletos arqueiros e aranhas gigantes.
Minecraft é um mundo em aberto, sem narrativa linear ou objectivos. Os jogadores – enquanto exploram, escavam e constroem – transformam o mundo criativamente. A solidão é um tópico importante no jogo, experiência que é intensificada pela música composta pelo alemão C418, ambiental e melancólica. Na enorme “pegada ecológica” de Steve para sobreviver solitariamente neste ecossistema fantástico entrevê-se um subtexto ambientalista.
Desenvolvido desde 2009, Minecraft é um jogo de autor, o produto visionário de Notch, pseudónimo de Markus Persson. É revivalista, prestando homenagem a videojogos do passado, e combina diferentes géneros lúdicos. A história deste programador sueco é uma típica narrativa de sucesso: do pedido de demissão na empresa em que trabalhava até tornar-se, em pouco tempo, numa pequena celebridade mundial (meio-milhão de “seguidores” no Twitter). E muito rico, depois de mais de quatro milhões de cópias vendidas exclusivamente na página oficial do jogo.