O nome Alan Styles passará despercebido em qualquer busca do Google. Pelo menos até lhe adicionarmos "Pink Floyd". E mesmo aí a importância será apenas uma pálida imagem da realidade.
Em "Inside Out: A Personal History of Pink Floyd", Nick Mason refere Styles nada mais nada menos do que 36 vezes, apenas menos 20 que o seu colega de banda Richard Wright e mais do que qualquer agente, produtor ou músico de palco que acompanhasse a banda.
Parte da entourage da banda até à cisão criada durante a digressão de "The Wall", este roadie foi nada mais nada menos do que intérprete e parte do título de uma canção da banda ("Alan's psychedelic breakfast"), figura de contracapa de "UmmaGumma" e co-vocalista no hit de Natal da banda em 1974, com Nick Mason, "Here comes santa", cover do clássico da música Autry/Haldeman.
O nome passará despercebido mas o seu contributo para o mito da banda (o "desacerto" da guitarra "Black Strat" de Gilmour, citado no livro homónimo de Phil Taylor e sem o qual os solos do guitarrista não teriam o efeito reverbante que nos é tão familiar, é-lhe atribuído) nunca poderá ser reduzido às poucas palavras que aqui lhe deixo de homenagem, por altura do seu falecimento, tranquilamente e em virtude de complicações de pneumonia aos 75 anos, no passado dia 8. Uma banda também morre assim.
No DVD, "Remember That Night", que retratava a digressão de "On a Island", Gilmour fala de uma clara divisão entre os 4 ou 5 "sobreviventes" da digressão do album "Pulse", último esforço de estúdio da banda, que o acompanhavam aos bares da moda das cidades onde tocavam e a tribo roadie que se juntava para uns copos debaixo do palco num pub improvisado. Para ele esse era o maior indicador de que aquela digressão seria a sua última: o facto de os membros da entourage não serem companheiros mas sim funcionários.
Era tudo extremamente profissional, e tudo feito com o maior respeito pelos dinossauros, que se querem vivos e bem dormidos antes do espetáculo. E agora que Styles desapareceu imagino um Gilmour, confortável a olhar o Tamisa pela escotilha da sua casa flutuante e a pensar nesses tempos passados e a dizer para si próprio que o seu tempo passou e é hora de desmontar o estúdio e começar a vender as guitarras em leilões de beneficência.
O fim do fim em que ainda havia esperança de não ser mesmo o fim, agora que também Waters acabou a sua digressão final de "The Wall". Nas palavras de um irritado membro da banda em 1984: os Pink Floyd, como uma força criativa, estão esgotados. E eu acrescentaria: os que carregavam essa força criativa, também se vão esgotando da nossa presença. Uma boa desculpa para ouvir "Shine on you crazy diamond" pela enésima vez.