Perry Blake: "os últimos concertos intimistas"

O irlandês regressa a Portugal para três concertos consecutivos, a partir de quinta-feira, em Espinho, Alcobaça e Arcos de Valdevez

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Nelson Garrido

O irlandês Perry Blake actua de quinta-feira a sábado, respectivamente em Espinho, Alcobaça e Arcos de Valdevez, e apresenta temas novos naqueles que anuncia como os “últimos concertos intimistas” antes de uma digressão para audiências maiores.

Em entrevista à Lusa, o autor dos álbuns “The crying room” e “St. Mary and Milk” reconheceu que tem “um bom grupo de seguidores em Portugal” e avançou com uma explicação para isso: “Talvez pela tradição do fado, o público português gosta de música melancólica, pelo que é mais fácil interpretar canções tristes em Portugal do que, por exemplo, em Inglaterra”.

No seu regresso, o cantor e compositor procurará, assim, manter o estilo de concerto com que se afirmou nas salas portuguesas, mas se, por um lado, se faz acompanhar novamente do pianista Phil Ware e do baixista Glenn Garrett, por outro, anuncia: “Estes vão ser os últimos concertos intimistas que farei durante algum tempo, já que tenho em pré-produção para a Europa uma digressão ao vivo muito maior, em que me apresentarei com uma banda completa e computadores”. 

Novas canções

“Esses espectáculos vão aproximar-se mais da sonoridade completa que se nota nos meus discos”, adianta. Perry Blake garante, ainda assim, que esta semana irá apresentar “algumas canções novas” escritas especificamente para actuações em salas como as do Auditório de Espinho, do Cineteatro de Alcobaça e da Casa das Artes de Arcos de Valdevez.

Esses temas ainda não têm, contudo, um destino pensado, na medida em que, por enquanto, o irlandês se vem concentrando na criação de um registo distinto daquele que habitualmente o caracteriza: “Estou neste momento a escrever e a produzir um tipo de disco diferente, para uma jovem cantora da Irlanda”, explica o músico, em referência à banda Grace Parks, liderada por Kelesa Mulcahy.

“É pop electrónica e está muito distante de Perry Blake, mas isso é bom porque me permite fazer algo diferente e, assim, quando eu começar um álbum meu, posso arrancar a partir de uma perspectiva nova”.

O irlandês que a Stuff Magazine descreveu como “um cruzamento entre Scott Walker e Bowie com um fundo de cordas por Nyman” revela ainda outros planos a médio prazo: “Estou a escrever para o ecrã e vou trabalhar com o músico português Pedro Galhoz num novo projecto, que esperamos lançar no próximo ano”.

Ilusões quanto à reação dos fãs, Perry Blake parece não as ter: “Imagino que os apreciadores do meu material reajam com horror às canções de pop electrónica. Mas não sou eu a cantá-las nem a apresentar-me com elas, e acredito que o trabalho com Pedro Galhoz será mais do agrado dos meus seguidores”.