"Stalking": perigo para mulheres jovens e sozinhas

O primeiro estudo sobre o fenómeno de assédio persistente em Portugal reclama legislação capaz de abarcar todas as formas de "stalking" e, sobretudo, de punir este crime

As mulheres mais jovens são as mais perseguidas Dario Jacopo Laganà/Flickr
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As mulheres mais jovens são as mais perseguidas Dario Jacopo Laganà/Flickr
Estudo apresentado por ocasião do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra Mulheres KatB Photography/Flickr
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Estudo apresentado por ocasião do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra Mulheres KatB Photography/Flickr

O primeiro estudo sobre o fenómeno de assédio persistente em Portugal foi apresentado Reclama-se legislação capaz de abarcar todas as formas de "stalking" e, sobretudo, de punir este crime.

Ser mulher, solteira ou separada/divorciada e jovem são os factores de risco para a vitimação por "stalking", segundo o primeiro estudo realizado em Portugal sobre este fenómeno que se define por uma perseguição ou um “assédio persistente”.

O trabalho, coordenado pela investigadora da Universidade do Minho Marlene Matos, apresentado sexta-feira, dia 25 de Novembro, conclui que 19,5 por cento das 1210 pessoas (homens e mulheres) inquiridas já foram vítimas de perseguição.

O que é "stalking"?

O "stalking" é definido como um “padrão de comportamentos de assédio persistente que integra formas diversas de comunicação, contacto, vigilância e monitorização de uma pessoa-alvo por parte de outra – o/a 'stalker'”. Tentativas insistentes de entrar em contacto por cartas, telefonemas ou emails, perseguir, agredir, ameaçar, filmar ou tirar fotografias sem autorização, invadir ou forçar a entrada em casa, são algumas das muitas formas de "stalking".

Marlene Matos defende a criação de legislação em Portugal para punir criminalmente o "stalking", um “assédio persistente” cujas principais vítimas são as mulheres. “Em Portugal, o 'stalking' não é crime, mas há necessidade de criar legislação específica para este fenómeno, à semelhança do que já acontece em vários outros países”, sustenta a investigadora, que gostaria de ver criada “legislação que inclua todas estas formas intrusivas”.

De acordo com as conclusões do estudo realizado na Universidade de Minho, as mulheres (67.8 %) são as principais vítimas destas várias formas de perseguição e os homens são os principais "stalkers" (68 %). Na maior parte das vezes o "stalker" é alguém conhecido (40,2 %) ou ex-parceiro da vítima (31,6%). Apenas 24,8 % dos inquiridos declarou que o "stalker" era um desconhecido.

O risco de ser vítima de "stalking" é maior entre os 16 e 29 anos (26,7 % numa amostra de 80 pessoas) do que nos anos seguintes, entre os 30 e 64 anos, onde a prevalência baixa para os 20,3% numa amostra de 138 pessoas. Acima dos 65 anos a prevalência encontrada nas 18 pessoas inquiridas foi de 7,8 %.

As três formas mais declaradas de "stalking" neste estudo foram as tentativas de entrar em contacto (79,2 %), o “aparecer em locais habitualmente frequentados pela vítima” (58,5%) e ser perseguido (44,5 %). Em média, as vítimas são alvo de mais de três comportamentos que podem ser definidos com "stalking". “Genericamente, homens e mulheres relatam os mesmos comportamentos de vitimação. Duas excepções para “ser filmado ou tirar fotografias de forma não autorizada” que foi uma experiência mais comum entre os homens e “ser perseguido” que foi um comportamento de vitimação mais frequente nas mulheres”, refere o estudo.

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