Foi com alguma resistência que Cristina Grande, o rosto do Serviço de Artes Performativas (SAP) da Fundação de Serralves, onde trabalha praticamente desde o início (entrou para a Casa em 1989), aceitou falar sozinha ao P2, para apresentar mais uma edição do festival Trama.
A programadora gostaria de ter a seu lado Pedro Rocha, seu parceiro no SAP desde há mais de uma década, e os responsáveis do extinto festival Brrr e da Matéria Prima, respectivamente Rita Castro Neves e Paulo Vinhas, "cúmplices" habituais na organização deste festival que já deixou rasto na cidade.
O trabalho em equipa e em parceria com outras manifestações que interviessem artisticamente em lugares não-convencionais no centro do Porto foi uma marca fundadora do Trama. "Era preciso pensar uma iniciativa que unisse e acrescentasse cidade à já existente, que criasse redes através de uma programação concentrada no tempo", diz Cristina Grande, evocando o nascimento do Trama, em 2006.
Novos palcos
E nota que, nessa altura, "a Baixa estava praticamente esvaziada e silenciosa". O Teatro Rivoli - que ainda foi parceiro na primeira edição do festival - começava a fechar-se, fruto da nova orientação política da autarquia. Desde o início, o Trama foi à procura de novos palcos, levando até eles o que há de mais desafiador da programação artística contemporânea do Museu de Serralves.
"Fizemos sempre questão de escolher um lugar emblemático da Baixa para palco de abertura do festival", diz Cristina Grande. Este ano, depois de uma conferência-workshop do canadiano Christof Migone na Escola de Belas-Artes (19h), é o Ateneu Comercial que, a partir das 22h, acolhe performances do duo sueco Wol, o laser musical do australiano Robin Fox e a grafonola portátil do duo Radio 78.
"São sempre os projectos que nos levam a escolher os lugares", explica a programadora, notando a preocupação de chamar a atenção das pessoas "para as potencialidades performativas de sítios desconhecidos, ou com que nos cruzamos todos os dias, mas não damos conta que eles estão ali".
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