Exposição cancelada por seguradora vai ser apresentada

“P-Town” de João Pedro Vale é inaugurada a 8 de Novembro na Galeria da Boavista, em Lisboa

O novo cartaz de P-Town DR
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O novo cartaz de P-Town DR
Exposição foi inicialmente cancelada por abordar temática homossexual Rui Gaudêncio/Arquivo
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Exposição foi inicialmente cancelada por abordar temática homossexual Rui Gaudêncio/Arquivo

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) decidiu acolher na Galeria da Boavista a exposição “P-Town” de João Pedro Vale por considerar que “a cultura deve estar também à frente do seu tempo” e abordar “questões importantes da sociedade”.

A exposição “P-Town”, concebida por João Pedro Vale, cujo cancelamento, por uma seguradora, em Agosto deste ano, gerou polémica, vai ser apresentada em Novembro na galeria da CML.

Para Francisco Motta Veiga, director municipal de Cultura da autarquia, é também importante que a cultura “ultrapasse preconceitos e ideias feitas, mesmo com a discordância de alguns”, disse à Lusa em resposta a perguntas enviadas por email. 

O responsável indicou que a ideia da apresentação da exposição “P-Town” surgiu na sequência do cancelamento. 

“A CML não poderia ficar indiferente a este acontecimento, em consonância com o trabalho atento que tem vindo a desenvolver no campo das artes visuais e o empenho em promover a criação artística em toda a diversidade das suas formas de expressão”, justificou ainda Francisco Motta Veiga. 

“Pareceu-nos uma boa proposta para a renovada Galeria da Boavista que integra um novo pólo cultural na cidade, um prédio onde funcionam já residências artísticas, entregues por concurso público a quatro associações de Lisboa, que agora ganha a mais-valia de ter uma galeria aberta ao público”, acrescentou. 

Uma obra pertinente e polémica

Sobre a polémica do cancelamento, Francisco Motta Veiga considera desnecessário voltar ao assunto: ”Importa sim dar a conhecer mais esta criação de um artista já com um percurso relevante”. 

“Naturalmente a obra de João Pedro Vale é bem conhecida da equipa de programação e já em ocasiões anteriores as suas obras foram mostradas nas galerias da CML. Sabemos que se trata de um artista cuja obra se reveste do maior interesse e pertinência. E que pode ser também polémica”, avaliou. 

Sobre o conteúdo da exposição, Francisco Motta da Veiga considera que, havendo “sensibilidades diferentes, é expectável que alguns visitantes não gostem, mas a maioria verá a mostra na perspectiva abrangente com que nós também a encaramos”. 

“Cada criação cultural é sempre um pretexto de reflexão, uma afirmação de perspectivas diferentes sobre o mundo e a vida e também por isso é tão importante a diversidade”, sustentou.