Depois de ter arrancado há pouco mais de cinco meses com uma equipa de apenas dez pessoas, o Canal 180 continua com o mesmo número de elementos, mas também com as mesmas características, ou seja, nenhum estúdio, nenhuma câmara, nenhum apresentador.
Parece difícil para um canal de televisão operar com este tipo de condições, mas, no início, as limitações até poderiam ser mais assustadoras: "Nenhum de nós fazia televisão. Tivemos de aprender tudo", revela Nuno Alves, agora director de programação do 180, mas em tempos engenheiro de "software".
No caso de João Vasconcelos, director executivo, a proveniência é outra. Vem da publicidade e, na verdade, é com ela que o projecto é pago. A partir do momento em que João explica o que esteve na origem deste produto da OSTV (Open Source Television), tudo fica mais claro: "Houve sempre ingenuidade, utopia, mas também persistência e vontade em criar algo de valor".
A voz que não canta o fado
Um dos objectivos parece já cumprido: "Preencher uma lacuna do espaço televisivo [português]," realça Nuno. "Agora que já sabemos como é que se faz televisão, pelo menos durante as seis horas diárias de emissão [20h-02h00], o desafio passa por criar programações cativantes”, completa.
Já foi feita referência para duas pessoas do Canal 180, disponível na grelha da Zon. Isto quer dizer que sobram oito. Apesar dos poucos meios que utiliza, o canal tem um elemento que "fala" por todos os outros. Rita Moreira é a voz "off" do 180, directora editorial e, talvez, a parte mais "visível". "Aí não podíamos facilitar e contratar alguém que cantasse fado", ironiza João ao elogiar a voz da ex-radialista da Antena 3.
A identidade vocal que Rita empresta ao projecto serve para reforçar a marca neutra do canal, ou seja, um agregador de vários conteúdos culturais. "Isto é algo mais sério do que copiar uns 'links' do YouTube", afirma João Vasconcelos.
Artigo actualizado às 15h18