Ministro defende que “ninguém terá um bom SNS” sem equilíbrio das contas públicas

O ministro da Saúde falou após a inaguração das novas instalações das unidades de saúde de Monte Real e Carvide e de Cortes, no concelho de Leiria. No discurso, o ministro considerou que a saúde é “talvez a pasta mais difícil de exercer no conjunto do Governo porque é aquele que mais toca com a frustração e a ansiedade de cada um dos portugueses”.

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Ministro foi recebido com protestos em Leiria pela falta de médicos LUSA/Paulo Cunha

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse esta segunda-feira que ninguém terá um bom Serviço Nacional de Saúde se o país não estiver sólido nas contas públicas e garantiu que o Governo não vai iludir os portugueses.

“Nós não estamos aqui para vos iludir, ninguém terá um bom Serviço Nacional de Saúde, ninguém terá um bom sistema educativo, ninguém terá um bom sistema de pensões se o país não estiver sólido nas contas públicas, sólido naquilo que é o seu reconhecimento e reputação internacional”, declarou Adalberto Campos Fernandes, nas Cortes, em Leiria.

O governante falava após a inauguração pelo primeiro-ministro, António Costa, das novas instalações das unidades de saúde de Monte Real e Carvide e de Cortes, no concelho de Leiria.

No discurso, o ministro, que considerou ter “talvez a pasta mais difícil de exercer no conjunto do Governo porque é aquele que mais toca com a frustração e a ansiedade de cada um dos portugueses”, criticou quem agora critica a política do executivo. “Portanto, aqueles que agora exultam e reclamam contra tudo e contra todos em nome de dificuldades que eles próprios criaram, que não se iludam que nós não cederemos naquilo que é a ilusão, porque a pior coisa que se pode fazer a quem mais precisa e pouco tem é iludir essas mesmas pessoas”, acrescentou.

Antes, destacou que o país tem “pela frente 113 novos centros de saúde que estão neste momento a ser lançados e construídos”, classificando esta como “a maior renovação desde sempre da rede de cuidados de saúde primários”. “Entrámos em 2015 no Governo com 87% dos portugueses com médico de família, estamos a aproximar dos 96%”, adiantou, reconhecendo que “ainda há portugueses que não têm médico de família”.

Foi precisamente esta situação que motivou um protesto junto à Unidade de Saúde de Monte Real e Carvide, por cerca de uma dúzia de utentes do Centro de Saúde de Vieira de Leiria, no concelho vizinho da Marinha Grande, que empunhavam cartazes nos quais se lia “Basta de falsas promessas” e “Doentes devem ser tratados com humanidade e não postos na rua ao frio e à chuva”.

Já com o ministro a ouvir, que mal chegou se dirigiu aos protestantes, Alzira Marques, de 65 anos, queixou-se de não ter médico de família há perto de quatro anos. “Fica aqui a minha palavra de honra que nós vamos olhar para isso (...). Às vezes os concursos abrem-se e os médicos não há em quantidade”, disse o ministro, mas a utente ripostou: “Não acredito nisso. Estou farta de promessas.” Adalberto Campos Fernandes retorquiu: “Quer ou não quer acreditar que vamos resolver?”. A utente contrapôs: “Eu, para acreditar, tenho de ver.”

Face à insistência das queixas, o ministro da Saúde informou que, após as duas inaugurações, iria deslocar-se ao centro de saúde de Vieira de Leiria para se inteirar da situação. Aos jornalistas, o ministro da Saúde informou que o Governo não pode “resolver em dois anos processos que se arrastam, nalguns casos, há cinco, seis, sete anos”.

À crítica sobre faltarem 18 médicos de família no concelho de Leiria, Adalberto Campos Fernandes apontou, novamente, os concursos: “Abrimos os concursos. Infelizmente, ou porque os médicos não são em quantidade ou porque não querem ficar nos locais, não é possível colocar.”