Inquilinos querem comprar prédios à Fidelidade
Moradores já começaram a receber cartas para não renovação do contrato. Seguradora quer vender 277 imóveis em todo o país.
Os moradores de dois prédios da Rua do Forno do Tijolo, em Lisboa, enviaram à Fidelidade duas propostas para aquisição dos edifícios onde vivem. O objectivo é travar a ameaça de despejo, depois de conhecida a intenção da seguradora de vender 277 prédios no país.
De acordo com a edição deste domingo do Diário de Notícias, apenas uma das quatro lojas do número 54 da Rua do Forno do Tijolo, por ser o único contrato a vencer dentro de um ano, recebeu a notificação de não arrendamento. No número 42 da mesma rua ainda foram feitas notificações, mas os inquilinos de ambos os prédios contactaram a seguradora que lhes disse que as cartas seriam enviadas quando os contratos estivessem a terminar.
"Tivemos de perceber de que forma poderíamos travar estes processos e surgiu a opção de compra", explicou ao jornal Tiago Hespanha, morador no número 54. Alexandra Amolly, representante do número 42, explicou que ao longo dos anos vários moradores manifestaram vontade de comprar as casas, o que não foi possível por os edifícios estarem em propriedade horizontal.
As duas propostas de compra, adianta o DN, foram enviadas esta semana e aguardam resposta. Os valores não são revelados, mas os moradores admitem que estarão longe de competir com os preços do mercado imobiliário nacional. Esperam que o direito de preferência de compra, que a lei prevê que seja dado aos arrendatários quando há intenção de venda, possa favorecê-los.
O grupo já expôs a sua situação e pediu apoio à Câmara Municipal de Lisboa, que também tem direito de preferência de compra de alguns imóveis por causa da sua localização. Também ainda não obtiveram resposta.
A secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, já reuniu com o conselho de administração da Fidelidade e Fidelidade Properties. A situação mais conhecida é a que envolve três edifícios da seguradora em Santo António dos Cavaleiros, Loures, em que vários moradores já receberam as notificações de não renovação do arrendamento e que teriam 120 dias para entregar as chaves do imóvel.
A Fidelidade negou a intenção de "despejar qualquer família" dos três prédios, assegurando disponibilidade para negociar "caso a caso" com cada um dos inquilinos. No Parlamento, quando questionada pelos deputados sobre a situação da venda de vários edifícios, a secretária de Estado da Habitação disse que a seguradora "mostrou total abertura para repensar toda a sua estratégia no plano habitacional, para reforçar a função social e proteger melhor a situação dos inquilinos".