A tartaruga punk que respira pelos genitais passou a estar em vias de extinção

Esta curiosa tartaruga nativa da Austrália ficou em 30.º lugar numa lista que reúne espécies peculiares que estejam em vias de extinção. Para a investigadora Marilyn Connell, “seria um falhanço deixar extinguir este animal” que chegou a partilhar a Terra com os dinossauros.

São as algas que crescem pelo seu corpo que dão a esta tartaruga uma aparência especial
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São as algas que crescem no corpo desta tartaruga que lhe dão uma aparência especial Chris Van Wyk/LUSA
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De nome científico Elusor macrurus, a tartaruga conhecida em inglês como Mary River é um tanto peculiar: tem algas verdes a cobrir grande parte da sua cabeça ou da carapaça e consegue respirar tanto de forma normal como através da zona genital (ao absorver oxigénio com a cloaca, uma abertura final dos tractos reprodutivo e urinário). Agora, passou a estar também entre as espécies que mais correm risco de extinção.

Foi na quinta-feira que a tartaruga passou a fazer parte da lista Evolutivamente Distinto e Globalmente Ameaçado (EDGE, na sigla em inglês), espécies peculiares que estão também em vias de extinção, organizada pela Sociedade Zoológica de Londres, ficando em 30.º lugar. Há ainda outras tartarugas na lista: em 85.º lugar, surge a tartaruga-de-couro (Dermochelys  coriacea); já em primeiro lugar, está a tartaruga Erymnochelys  madagascariensis.

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Ao respirar através dos seus órgãos reprodutores, esta espécie de tartaruga coberta de algas verdes consegue ficar debaixo de água durante cerca de três dias. Ainda que se saiba que existam poucas tartarugas Elusor macrurus, não se sabe ao certo quantos indivíduos desta espécie existem.

A designação Mary River vem precisamente do sítio de onde a tartaruga é originária, um rio na Austrália com o mesmo nome. Estas tartarugas já foram um animal de estimação comum na Austrália, até isso passar a ser proibido por lei.

Segundo a investigadora Marilyn Connell, da Universidade australiana Charles Darwin, seria preciso “recuar 50 milhões de anos” para encontrar espécies próximas desta tartaruga, com material genético semelhante. “Seria um falhanço deixar extinguir este animal que é contemporâneo dos dinossauros [extintos há 65 milhões de anos]”, conclui.