Qual é a melhor patanisca da cidade? É o que o Peixe em Lisboa quer descobrir

O evento gastronómico traz a segunda edição do concurso da melhor patanisca, que se serve de um experiente júri para elevá-la de petisco tradicional a gourmet.

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Rui Gaudêncio

Depois do melhor pastel de nata, a melhor patanisca. Pelo segundo ano consecutivo, o Peixe em Lisboa, que arranca esta quinta-feira em Lisboa, promove um concurso que pretende coroar a rainha das pataniscas, bem como quem melhor as faz.

Já na sua segunda edição, o Concurso da Melhor Patanisca regressa com o intuito de evidenciar as características específicas com as quais o petisco se apresenta na região de Lisboa e, para tal, foram seleccionados dez restaurantes finalistas: A Casa do Bacalhau (o vencedor da primeira edição), O Poleiro, D’ Bacalhau, a Laurentina, o Rei do Bacalhau, o Sem Dúvida, a Taberna da Rua das Flores, a Varanda de Lisboa Hotel Mundial, o Clube do Peixe, o Refúgio dos Sabores e a Casa da Comida.

O surgimento do concurso, conta Duarte Calvão, director do Peixe em Lisboa, vem da “necessidade de criar um concurso mais afecto ao tema do festival” e o bacalhau terá sido seleccionado pela sua enorme importância na gastronomia e na capital. Ambos os concursos têm como intuito melhorar a qualidade da oferta, estimulando os profissionais da área a trabalharem com bons produtos e com receitas de sucesso.

“Não é preciso um grande restaurante, uma grande equipa ou muitos equipamentos para fazer uma patanisca. Aqui os pequenos restaurantes estão lado a lado com os grandes”, continua Calvão. “Queremos que, na cozinha tradicional popular, também se possa ser exigente”, remata.

Desafiando a ideia de que os restaurantes tradicionais portugueses têm menor ambição que os restaurantes modernos e com estrela Michelin, Calvão salienta que o concurso da patanisca ainda não se encontra tão divulgado quanto a organização do Peixe em Lisboa deseja, mas diz também que espera dele tanta popularidade como a que já tem a eleição do melhor pastel de nata.

“Acho que os restaurantes portugueses têm por vezes um pouco de relutância em serem postos à prova e que não aproveitam o mediatismo que isso pode trazer para o negócio”, conta Virgílio Gomes, gastrónomo e presidente do júri. “Mas isso pode e deve mudar”, acrescenta.

As peculiaridades do tradicional

A prova final da segunda edição do concurso irá decorrer na tarde de 9 de Abril, numa sessão aberta ao público no Peixe em Lisboa sendo que, após a avaliação por parte dos membros do júri, será anunciado o vencedor, bem como segundo e terceiro classificados.

“Colocámos a final do concurso a uma segunda-feira porque antigamente não havia mercado neste dia, logo servia-se nos restaurantes o peixe que não era fresco – o bacalhau”, adiantou o gastrónomo no evento de apresentação dos dez finalistas do concurso.

O presidente do júri deu ainda conta que a patanisca de Lisboa é diferente de algumas outras variedades por ser espalmada, algo que, afirma, tem influência histórica. “A patanisca da capital é espalmada possivelmente por influência galega”, explica Virgílio Gomes. “As tascas dos mercados faziam sandes com patanisca e as mais altas não tinham o efeito desejado – daí ter-se começado a espalmá-la."

Na capital, a iguaria costuma servir-se ligeiramente crocante, sem sabor a fritura e com gosto a bacalhau obrigatório – características que o júri procurará nas concorrentes.

As iguarias serão pontuadas de 0 a 10, em relação ao “Aspecto”, ao “Sabor e consistência do interior”, ao “Equilíbrio entre os ingredientes”, à “Ausência de gorduras excessivas” e ao “Sabor global”. E assim se chegará a um vencedor.

O Peixe em Lisboa, organizado pela Associação Turismo de Lisboa (ATL), conta já com 11 edições e pretende sobretudo evidenciar a gastronomia portuguesa, apostando nos peixes e mariscos como destaque.

Texto editado por Sandra Silva Costa

 

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