Um milhão de euros para ajudar startups com ideias para os biorrecursos marinhos

É uma iniciativa que resulta de uma parceira da Fundação Oceano Azul com a Fundação Calouste Gulbenkian. O objectivo é atrair projectos e ideias para o desenvolvimento de produtos ou serviços sustentáveis com base nos biorrecursos marinhos. Candidaturas serão abertas em Junho deste ano.

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Pedro Cunha/Arquivo

A primeira iniciativa da Fundação Oceano Azul, em parceira com a Fundação Calouste Gulbenkian, arranca já em 2018. Chama-se Blue Bio Value e, durante três anos, vai financiar um acelerador internacional de projectos e startups ligadas à bioeconomia marinha. Com um orçamento total de um milhão de euros, o protocolo que dá o pontapé de saída para esta iniciativa foi assinado esta quarta-feira, no Oceanário de Lisboa, numa cerimónia que contou com a presença da ministra do Mar, Ana Paula Vitorino.

Por outras palavras, o objectivo da iniciativa é atrair projectos e ideias para o desenvolvimento de produtos ou serviços sustentáveis com base nos biorrecursos marinhos e transformá-los em oportunidades de negócio. A abertura das candidaturas está prevista para Junho deste ano.

Na cerimónia de assinatura do protocolo entre as duas fundações estiveram presentes, além da ministra Ana Paula Vitorino, o presidente do conselho de administração da Fundação Oceano Azul, José Soares dos Santos, a presidente do conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota, o presidente executivo da fundação da Fundação Oceano Azul, Tiago Pitta e Cunha, e o administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Pedro Norton.

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Na assinatura da parceria entre as duas fundações portuguesas DR

A assinatura do protocolo de cooperação entre Fundação Oceano Azul e a Fundação Calouste Gulbenkian inaugura três anos de investimento regular com vista à “valorização do capital natural marinho”, afirmam as fundações num comunicado conjunto. O objectivo é a “implementação de iniciativas que promovem a mudança da sociedade e do planeta” através da educação e literacia, conservação e capacitação. É o caso da Blue Bio Value, iniciativa que inaugura esta parceria.

“As indústrias dos biorrecursos marinhos, enquanto indústrias inovadoras e de grande conhecimento científico, geram um valor acrescentado elevado, que resultam em produtos, processos e serviços com aplicação em indústrias como a farmacêutica, nutracêutica, a indústria alimentar, cosmética, têxtil, biocombustíveis, entre outras”, refere o comunicado conjunto. “Como exemplos práticos de biomateriais referem-se próteses feitas à base do esqueleto externo de camarão, suplementos alimentares com base em espinhas de peixe, cosméticos que utilizam algas, ou tintas sustentáveis para navios.”

Nos últimos dez anos, notam ainda as duas fundações, o sector da biotecnologia marinha tem crescido na Europa a taxas consistentes acima dos 5%, mas esse crescimento, com o aparecimento de mais startups, ainda não atingiu o nível do Canadá ou Estados Unidos. Para 2025, as previsões a nível global indicam que este sector representará mais de 6000 milhões de euros. E Portugal, consideram as fundações, tem condições para ocupar uma posição líder neste mercado a nível europeu: “Porque é um país detentor de matéria-prima, rico em biodiversidade marinha, mais do que qualquer outro país europeu, tendo ao seu alcance os recursos naturais necessários ao desenvolvimento deste sector”, sublinha-se, acrescentando-se que Portugal também tem centros de investigação marinha e recursos humanos com conhecimento científico para que se desenvolva uma indústria na área da biotecnologia e dos recursos biológicos do mar. 

Para o seu objectivo global sobre os oceanos, a Fundação Oceano Azul tem reservados, a título individual, 30 milhões de euros para os próximos dez anos. “É o maior investimento da sociedade civil alguma vez feito em Portugal na área da sustentabilidade ambiental e da protecção da natureza”, classificou Tiago Pitta e Cunha ao PÚBLICO, em Março de 2017. O dinheiro será usado para financiar, por exemplo, campanhas de conservação e apoiar a criação de áreas marinhas protegidas.

Constituída em Dezembro de 2016, a Fundação Oceano Azul foi criada pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos, a principal accionista do grupo Jerónimo Martins, dono do Pingo Doce. Desde 2015 que detém a concessão do Oceanário de Lisboa, cujas receitas são reinvestidas em projectos de educação para a conservação dos oceanos.

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